sábado, 4 de março de 2017

DEPOIS DO MEDO

Não sei se, foi instinto ou destino,
mas, experimentei vários medos,
e tudo foi intenso, imenso.
Verdade foi que, não sabia para onde ir,
talvez, por olhar em demasia o horizonte,
não errei a direção.
Varias foram às vezes, que falei sozinho:
Faz o seguinte... Continua.
E me despertava essa tendência ao combate,
essas coisas que não sai de dentro da gente,
e que jamais se extenua.
E fui me dando chances,
sabendo o que fazer de mim,
das sobras de cada dia,
de cada interminável aperto,
de cada estranha aflição.
Não sei se, foi destino ou instinto,
mas, provei do amargo de todos os medos,
esses que estremecem a carne, sacodem a alma.
Verdade foi que, depois deles,
talvez por acreditar em recomeços,
sempre, era alcançado pela coragem.
Varias foram às vezes, que pensei em desistir,
mas, por pura resiliência, me reconstruía,
e me provocava a tentar mais uma vez,
esses mistérios do íntimo, o que de visceral temos,
e que jamais perdemos... Por teimosia.
E fui me oferecendo gentilezas,
desdobrando esse nó no peito,
essa angustia descabida,
esse vazio que carregamos, essa dúvida que arrastamos,
dessa desavisada vida, esquisita viagem.
Talvez, tudo foi só instinto:
Vejo-me, desafiando o medo,
quando o meu caminho escasseia,
quando o destino me oferece expectativas pequenas,
e preciso, que me levantem, erga, me ponha em pé,
preciso de mim inteiro, e não de algo que me medeia.
Como já tive medo de ausência,
passei a demorar com quem me ama.
Como já tive medo da incerteza,
passei a dançar em desvario, com todo o meu ceticismo.
Como já tive medo da lucidez,
passei a enlouquecer vez por outra.
Como já tive medo da solidão,
encontrei em mim, uma das melhores companhias.
Como já tive medo do medo,
hoje, brincamos ao luar... O fiz virar leveza.
E nada mais, posso mudar... Nada me é factível.
Depois do medo... Sabe o que me sobrou?
fazer aquilo que parecia...  Impossível.

Ari Mota


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