segunda-feira, 1 de junho de 2015

SE TIVER QUE EXAURIR-SE... QUE SEJA DE AMOR

Se conseguir escolher...
escolha o silêncio.
Se suportar a quietude...
dance com a solidão.
Se não achar o caminho...
nunca volte.
Se a vicissitude esmurrar a alma...
abra todas as partes entranháveis de si mesmo,
e visceralmente suplante...
todos os momentos de aflição.
Se idear que a vida é um fardo...
um peso desmedido,
que tenha a coragem...
de fazê-la como plumas ao vento,
e que infinitamente...
saiba provocar risos, em vez de desespero,
e que nada exceda a sua leveza.
Que redirecione o sonho...
que saiba escolher novos atalhos,
procure novos amores, novos amigos,
mude de livros, de rua, de conceito...
e saiba buscar em tudo... beleza.
Se conseguir doar-se...
doe, da sua fonte inesgotável,
e o que falta...  é só incendiar a alma,
afoguear a gentileza.
Se conseguir amar...
que saiba preencher outros vazios...
vazios que nos devora, implacável dor...
que nos remete a solitude.
E que seja intensa essa entrega,
esse dar-se inteiramente,
que seja uma infinitude,
e que saiba render-se a essa delicadeza.
Se conseguir amar...
ame com toda a solidez e sem cansaço,
muitas das vezes o que falta... é só um abraço.
Se conseguir amar...
desapegue das perolas e brilhantes,
muitas das vezes o que falta... são flores,
pouco ou muito...
somos... a soma de todos os nossos amores.
Se conseguir amar... que seja com todo o esplendor,
e se tiver que exaurir-se... que seja de amor.

Ari Mota


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