Inexorável
foi... chegar, até aqui... eu sei,
e tudo...
culpa da minha teimosia.
Por
diversas vezes... quase desmoronei,
e por um
descuido... quase embruteci a alma,
mas... o
que me salvou... foi a poesia.
Implacável
foi... o tempo, efêmero... singular,
e
tudo... quase me fugiu da percepção.
Por
diversas vezes... quase fiquei sem esperançar,
e em
todas as dúvidas que tive... conservei a calma,
mas... o
que me salvou... foram os momentos de solidão.
Incompassível
foi... achar-me, me entender, me... traduzir,
e
tudo... foi quase desleixo... achava que não ia embora.
Por
diversas vezes... tive medo de me descobrir,
e com
todas as descobertas... eu... mais me... amava,
mas... o
que me salvou... foi a pureza que me devora.
E em
resiliência, me vi... assim, descortinando aos poucos,
e tudo...
para enternecer a alma, e o que me conduz.
Por
diversas vezes... transcendi aos poetas e aos loucos,
morri diversas
vezes, mas... nas manhãs... me repaginava,
e em vez
de consumir coisas... descobri o que me apetece... luz.
De todas
as incertezas, a maior delas, sem me intimidar,
foi me
perder por dentro... não foi, me perder pelo caminho.
Por
diversas vezes... em desespero saí... para me encontrar,
quase me
perdi... dentro de mim mesmo, quase fugi de mim,
mas... o
que me salvou... foi que nunca fiquei sozinho.
Improvável
é... encontrar dentro dessa velha alma,
que se
renova de tempos em tempos... desarmonia.
Não
padeço de tempestades, de lonjuras, vazios... sou pura calma,
hoje...
tenho um ponto de equilíbrio, um porto a me esperar,
mas... o
que me salvou... foi o meu silêncio, não sou mais ventania.
Este sou
eu... não reflito nada além de mim,
e fui salvo
pela solidão da poesia,
pela pureza
que me devora,
pela luz
que enternece a minha alma,
pelo silêncio...
minha melhor companhia,
pela
leveza que aqui... mora.
Este sou
eu... e que toda a minha sagacidade,
seja sempre
para mudar o melhor que tenho por dentro,
que eu não
tente mudar ninguém,
nem o
vento, ou as estrelas de lugar.
Que eu
saiba... depois de um temporal,
colocar
a alma para secar,
procure abraços,
e nunca se esqueça de amar.
Ari Mota
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