De todos os caprichos que tenho,
tem um, que me é... amar-me... incondicionalmente,
nutro-me... de poesia, e mansidão,
rego-me, com o orvalho das madrugadas em fantasia,
com a brisa invisível do meu silêncio,
e depois... adorno-me com as estrelas da minha imaginação,
cuido-me, replanto-me em todas as estações,
escoro-me com esteio... em todas as tempestades,
amparo-me... como se, improvável fosse o meu fim,
insisto tanto no meu reedificar...
que... fiz tudo do meu jeito... e jamais desisti... de mim,
e repagino-me... sem sofreguidão.
Às vezes sou palco, sou platéia, sou bastidor, torcida de
si mesmo,
e às vezes, sentado com o meu anjo, em fins de tarde,
peço-lhe:
Que, me... deixe sempre... a dúvida, e nunca a cisma,
e que a minha substancia seja sempre indefinida,
e que, eu... seja sempre um mistério,
e tenha sempre a liberdade de me procurar,
nos dias de desespero,
e nas noites de solidão,
e que, eu... seja sempre esta obra inacabada,
uma ponte que ainda não alcançou a outra margem,
mais, que nunca perdeu a velocidade de chegar,
nem que seja... a nenhum lugar,
que, eu... me veja... sempre... indo,
retocando-me, raspando as ferrugens,
aplicando uma demão de atrevimento nos meus sonhos,
buscando outros trajetos, sem perder a direção.
Que... em mim, exista sempre o desejo, de só... ir,
de mudar de rua, de consciência, de paradigma,
e a coragem de provocar sempre uma assepsia mental,
para nas partidas... nada levar...
nem ressentimentos, nem coisas... somente leveza,
e que minha lucidez demore a ir embora, partir,
e que eu possa ser sempre diferente... dos iguais,
e a minha alma... fique jovem para sempre,
e eu, me desapegue de toda e qualquer certeza.
Que, eu... seja ânsia descabida, fervor,
e que todo o ardor da descoberta... não me abandone,
nem o fulgor dos meus olhos apague... vire escuridão,
o que... quero é desentrevar o negrume dos meus medos,
e reiniciar-me... antes do próximo... vendaval.
Que, eu... nunca perca os meus caprichos,
e acima de outras tantas coisas,
nem a absoluta certeza da própria imperfeição,
mais, continue tendo a coragem de ser sempre amplidão,
e carregar dentro da alma... e para onde for,
o que tenho de excesso...
amor.
Ari Mota
Um comentário:
Só pode amar os outros, se você se amar a si próprio.
Amor nunca é demais.
Feliz e santa Páscoa!
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