Demorei um tanto...
mas, foi na meninice que fiz uma descoberta,
e inda foi... nas minas gerais dos meus sonhos,
onde a aridez brincava de me esconder,
silenciar-me, em madrugadas de dúvidas,
ou, às vezes de insônia... em noites de solidão,
que um dia, desatento... encontrei a minha alma,
querendo ir embora,
e já, com a porta entreaberta.
Demorei um tanto...
mas, exprimido ao meio de tantos nãos,
e inda... perdido naquelas
tardes de abandono,
naquelas manhãs de incertezas,
com aqueles encontros em desacertos,
e procuras infinitas... pura sofreguidão,
que... deparei com minha alma, me... chamando,
puxando-me pelas mãos.
Demorei um tanto...
mas, um dia arrumei as malas,
um amor, duas borboletas... e caí na estrada,
ficaram partes espalhadas pelo chão,
inda querendo ficar... e, até que voltei,
e sem jeito... juntei tudo... e me arrastei por inteiro,
e nada levei, e invisível... parti,
e não contei a ninguém... que fui ser feliz,
e tudo foi pura teimosia,
e hoje... esse desatino... virou mansidão.
Demorei um tanto...
e faz tempo...quase uma vida,
para entender que o silêncio também é rebeldia,
e aquietei-me... em demasia,
e nenhum medo me estremeceu... nem me aprisionou,
nem me abateu em pleno vôo, em pleno salto,
eu me atirei no inusitado, em ruas descalças, no asfalto,
nunca me importei com quem nunca quis saber quem eu sou,
nunca me importei com outros olhares, como quem me espia,
como quem me apequena... julga-me ou condena,
comecei logo cedo... a desconstruir as minhas vaidades,
escolher os meus livros, os meus poemas,
as minhas musicas, o meu norte, os meus dilemas.
Demorei um tanto... pensei que não tinha fim,
para ouvir a minha alma, e aprender... nunca me abandonar,
e descobrir que minha natureza... é livre,
sou como... um rio descendo a serra, indo para o mar,
às vezes raso... corredeira, às vezes profundo, cachoeira,
viro brisa, contorno barreira, outras vezes sou aragem,
sou uma eterna viagem,
buscando o melhor ...
de mim.
Ari Mota
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