Achei que... as emoções só
seriam mais intensas... lá meninice,
quando... o sangue
fervia... quase entrava em ebulição,
e a alma saltitava... como
se fora sair em disparada... sem voltar,
e tudo transluzia em
encantamento e meiguice.
Achei que... as emoções
morreriam ali, e me deixariam na solidão,
e que vazios iriam invadir
os meus sonhos, e roubar a minha lucidez.
Mas, de tudo... ficou
que... existir foi um espetáculo,
e olha que... a minha
apresentação foi somente, para:
Uma bailarina louca e duas
borboletas... que, sempre me aplaudiram,
e aí, estava toda a magia,
e assim... jamais deixei a emoção ir embora,
nem a ousadia de me
recompor e sempre arriscar... mais uma vez.
E hoje... já consigo
olhar... os caminhos que passei,
as escolhas e as coisas que
fui abandonando pela estrada,
do convício desprezível ao
julgamento egocêntrico, do desdiz,
e o que agreguei como
candura e permiti entrar na minha alma.
E sem querer alguma coisa
reparar... faria tudo como fiz,
sem me apequenar com o que
não consegui,
nem exalar soberba com as
coisas que amealhei,
e sem recalque... ser nada
além... do que sou,
orgulho-me dos passos que
dei.
Achei que... as emoções
ficariam perdidas nas dúvidas que ficou,
mas, quando observo o que
vivi, o que foi caindo pelas margens,
e o que ainda edifico por
onde nem ousei chegar,
vejo que minha alma mais
parece uma vela de barco, gosto é de ventania,
não me dou bem com as amarras
da indolência, não sei me aquietar.
Achei que... as emoções
ficariam agarradas no meu tempo, de meninice,
e olha... que, quase
vencido está o meu prazo de validade...
e entro desconsertado,
inadvertido... desinibido na minha velhice,
vivi quase todas as emoções:
da sutileza do encontro, da frieza da dor,
do desconforto da ausência,
da leveza de um beijo, da delicadeza de amar,
da beleza de um rio, da
extrema exuberância de uma flor,
da magia de uma poesia, do
meu silêncio... da pureza do seu olhar.
Achei que... iria desperdiçar
as emoções com o tempo...
Mas... de todas as que...
tive, de todas as que... senti,
de todas que... inda, moram
em mim,
a que me faz tremer...
sacudir a alma,
é ainda a emoção de...
sonhar.
Ari Mota
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