certa vez...
invadiram-me... com uma insana magia,
e em vez de sair...
guerreando com a vida e com os sonhos,
atirando palavras tolas, e com olhar de aspereza,
em vez de fazer guerra... tive que mudar o meu destino,
passei a fazer poesia.
E foi por um quase, por pouco... que não virei nada,
e isso às vezes até me... arrepia.
Sei que foi preciso... virar silêncio, e quase emudeci,
até que no aclarar, no descortinar do meu existir...
descobri,
que escrever é...
cutucar a alma para espantar os desassossegos,
é emprestar os sentimentos... para as palavras,
e amedrontar o próprio medo,
é assustar as culpas... e sem desculpas,
encarar os desacertos.
É redigir o invisível, e de rude tornar-se sensível,
e de frágil... esvoaçar para dentro de si mesmo,
em quietude,
e sem espanto conversar com os desassombros,
com a finitude,
e provocar os desapegos.
E tudo me aconteceu assim...
Em vez de sair por aí... disputando verdades... em
agonia,
decidi aquietar-me... fazer poesia.
E escrever... remete-me onde escondo os meus segredos,
onde visto e desnudo a minha alma,
é quando brinco de solidão ao meio dos murmúrios...
da multidão,
é olhar tudo com lucidez e emudecer,
é quando se amadurece... e em vez de cair ao chão,
sobe-se... provoca mais altura aos vôos... e em delírios...
em quase alucinação:
passa a viver mais os seus amores... a perceber as
flores,
os anjos, a sua bailarina enlouquecida,
as suas borboletas azuis... os sussurros dos rios,
as respostas do silêncio, a braveza das ventanias,
a pequeneza da falta de afeição... a emoção esquecida.
Mas, tudo isso são doidices de um quase poeta,
que poetisa a alma, aviva o próprio brilho... em calmaria,
amansa o desespero, persevera e dança com a ousadia.
Em vez de sair...
Guerreando com as incertezas... com a ilusão,
só tratei de seguir o meu lúdico caminho,
e para onde eu for...
sempre escreverei... para não ficar sozinho...
e me perdurar depois do fim.
Escrevo para... sempre regressar a mim,
com amor.
Ari Mota
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