sábado, 7 de setembro de 2013

OS MEUS DESASSOMBROS

De todos os meus desassombros...
o maior deles foi quando fiz... eu, as minhas escolhas.
Difícil foi em plena escassez... identificar os excessos,
e se recompor, rebrotar,
e saber... que tenho também momentos de desfolhas.
Perco às vezes a exuberância, murcho em noites de solidão,
e do mesmo modo... irrompo alucinado com a minha luz,
inibindo a escuridão,
deixando pelas estradas o que a mim nada... apense,
ou me apequene... e não me faça aumentar.
De todos os meus desassombros...
o maior deles foi quando fiz... eu, as minhas escolhas.
Quando envelheci tive que corrigir minha órbita,
coisas que não consegui fazer quando na juventude.
E hoje, passei a permitir... gravitar em torno da minha alma,
somente os que tem angelitude,
espio sem escolher... aos que gravitam ao meu lado,
e faço com zelo e cuidado.
E assim... no meu campo magnético,
circulam e só permito borboletas em alucinação, poetas,
vaga-lumes que iluminam os meus delírios,
bailarinas loucas, sonhadores e almas inquietas.
E venho formatando a minha importância... sem ser mais, nem menos,
e bem sei que estou longe da plenitude.
Como tive uma segunda chance,
libertei-me dos pactos de vingança,
já não mais carrego, agarrado alma... ódio, e nem na lembrança.
Cheguei até aqui sereno em busca do meu estado pleno,
e fiz tudo... com toda a calma,
transmudei tanto, me replantei em demasia, e por analogia,
fiz... da terra, o meu corpo, da água, o meu sangue,
do ar, a minha respiração...  e de fogo a minha alma,
queimo-me... em ousadia.
De todos os meus desassombros...
o maior deles foi quando fiz... eu, as minhas escolhas,
coloquei candura no olhar, brandura nos sonhos,
e fiz tudo para ser feliz,
e a vida foi-me surrando de felicidade,
e hoje... deixo-a, que me bata para valer,
apanho todos os dias... em silêncio.
De todos os meus desassombros...
o maior deles... foi um caso de amor pela vida,
e na verdade foi... quando escolhi os meus amores,
os aconcheguei, apertei na alma, e caminhei com eles... nos ombros
e com toda a coragem... os deixei livres... amei sem ser meu,
foi amor desmedido... loucura descabida.
De todos os meus desassombros...
o maior deles... foi, ter sido “eu”.

Ari Mota

3 comentários:

Nádia Santos disse...

Meus aplausos por tão lindo texto Ari. Realmente, minhas escolhas algumas me assombram... mas nunca arrependo-me delas. Um carinhoso abraço e feliz domingo.

Marilu disse...

Querido amigo e poeta nem sempre acertamos em nossas escolhas, mas como saber?? temos que arriscar. Lindo texto. Tenha um ótimo domingo. Beijokas

Anônimo disse...

Adoro, muito bom seus textos. Desde que te descobri meus dias não são mais os mesmos , mergulho nas suas lindas palavras. Parabéns !