nem tão pouco uma expressão
usual... nunca a carreguei no colo,
nem a tive como companhia,
nem ao meu lado desfilou,
jamais em seus braços abriguei-me,
nem em desculpas... a usei.
Mas, a vida foi me
espremendo, apertou-me diversas vezes,
pressionou os sonhos,
tiranizou os vôos, estreitou o caminho,
amarrotou o olhar e quase me
deixou em desalinho,
e depois, foi instalando-se
sorrateiramente na alma... como solidão,
e como se não bastasse,
invariavelmente quis... retirar-me a ilusão,
fez-me achar, que tinha que
sair... levando coisas, carregando sentimentos,
e abster-me da ousadia de ser
eu.
E assim, chegou o tempo das
escolhas, de renovar.
E constrangia-me a
impetuosidade do desistir,
machucava-me... abandonar o
velho pelo novo, o não pelo sim,
eu precisava viver... além do
somente... existir.
Tive que amenizar a
expressão, e passei daquele dia em diante...
em vez de desistir... passei na
verdade... a renunciar.
Estava cansado dos outros
olhares... da escassez de mim.
Renunciei...
A tudo que não me agregava
valentia,
a tudo que me afinava... inibia...a
coragem para ser feliz,
ao convívio em descompasso, a
relação tomada de torpeza,
o julgo vil, e a sentença
descabida...
a ausência de respeito para
com o meu destino, e a minha vida.
Renunciei...
Aos que tentam ofuscar o
equilíbrio que cultivo na alma,
e aos que querem assombrar a
minha luz, a natureza do meu espírito,
a minha busca pela lucidez, o
meu eu, a minha calma.
Visível, foi que tive que
fazer uma reengenharia dos meus sonhos,
virei até poeta... aprendiz
de escritor,
mas, confesso... encontrei também
a fugacidade do riso,
e a doidice de viver... de
modo intenso, o amor.
Se por ventura... esbarrar
comigo nas curvas do tempo,
o tempo que ainda me resta...
e me ver sorrindo... sem motivo algum,
há... resolvi ser feliz.
Renunciei... a tudo que me
murcha, que me faz perder... o vigor.
Enfim...
Só não renunciei de... mim.
Ari Mota
Um comentário:
lindo!!!!!!!!!!!!
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