eu que alterei tanto que até a alma quase soçobrou desnuda,
eu que me agarrei ao destino, e nele acreditei,
e não tive outra maneira... nem bruta, nem amena,
de viver as experiências que passei,
e as vivi intensamente... óbvio que teve e foram noites de agonia.
Mas, tudo teve seu curso, fluiu aos solavancos,
sobrevivi as prolongadas tempestades em busca de calmaria.
Com o decorrer do tempo tive que sintetizar a minha vida,
podei as intemperanças que rondavam os meus caprichos,
abreviei... os discursos que falavam de enganos,
recopilei as minhas verdades e redefini os meus planos.
Fiquei seletivo, aperfeiçoei-me nas escolhas,
encurtei os desesperos, restringi os medos, conjecturei os riscos,
condensei na alma o meu grito, sem perder a voz no que acredito.
Eu que assustava com o imprevisto, passei a aturar os combates,
suportar a exaustão do caminho, e a desilusão dos debates.
Eu que no princípio e por vezes achei que era só pedir, implorar.
Abandonei a espera... a fatigante condição de vítima,
coloquei na estrada a minha ousadia, e saí... meio que sem destino.
Evidente que fui ao chão... varias vezes, em desatino,
mas escapei a inércia, resisti às derrotas, ao descaminho.
Sobrevivi as minhas próprias dúvidas, a mim mesmo.
Estou no tempo da brandura, da instigante quietação,
hoje o meu existir já não é um tropeço,
de tudo que decorreu, foi-me o tempo do pedir,
neste instante, só agradeço.
Fiz de mim candura, do meu olhar mansidão.
Todos os dias... como não sei, se é o derradeiro, oro em gratidão,
faço minha última prece... por que tudo valeu, sinto-me alentado,
faço minha última oração,
e de uma única palavra:
Obrigado.
Ari Mota
2 comentários:
Parabéns Ari, quanta sensibilidade..encontrei este texto na internet, sem autoria.. então fui em busca do autor que expressa tão lindamente sentimentos profundos.. e encontrei teu blog.. maravilhoso,, pura emoção...
grande abraço
Mariangela
Engraçado, esse teu texto me deu uma sensação de "já provei"...já te li aqui numa outra ocasião, muito semelhante. Mas saio nutrida pelo teu resiliente olhar sobre a vida. Obrigada, querido amigo.
Beijos.
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