Quando o fulgor da inocência brincava com os meus sonhos,
eu já dispunha de um olhar para as estrelas,
minha ingenuidade já indagava quem as acendia em noites de luar.
Perplexo sentia o sopro do conhecer, ávido queria saber,
e tive que abandonar as mentiras, o ceticismo que queriam me sujeitar.
Vivi espiando o infinito, andei a procura dos segredos celestiais.
E assim cresci olhando para os céus... em observações,
memorizei alguns nomes, sei... até onde ficam as constelações.
Mas... tudo era pouco, e eu necessitava de muito mais.
O universo é uma grande morada, viagens astrais,
eu que sempre acreditei na raça humana,
não poderia desdenhar outras raças celestiais.
Sei que lá estão, ou que podem até estar chegando,
vivem ali depois do firmamento... e é conceitual,
não são delírios, nem tão pouco devaneios de criança,
creio na sua existência, embora saiba da sua distância.
Apaixonei-me pelas estrelas, e pelo que tem depois,
como não fui navegador para tê-las como referência,
nem astrônomo para estudá-las, tê-las como ciência,
virei aprendiz de poeta... e nelas fui passear,
em espanto e na descoberta, vi que não estamos sozinhos,
pretensão se estivesse...
Hoje e depois de tudo, já tomado de lucidez envelhecida,
falo de moradas além das estrelas, de raças que desconheço,
sou princípio, espaço paralelo, partículas de ousadia, começo.
Quando faço vigília no universo sei que já partiram,
não... não estão atrás de nossa tecnologia, nem de nossa riqueza material,
nesta área somos até primitivos,
buscam outros valores... que ficaram esquecidos,
eles tornaram-se autômatos, esvaziaram a alma, mecanizaram a emoção,
esqueceram a essência do afeto, a graça do riso,
a sutileza do olhar, o embriagante perfume da flor.
Outras raças... além das estrelas estão chegando,
querem embriagar-se de todos os nossos sentimentos,
estão vindos em busca de algo, que lá... já extinguiu,
e que ainda, aqui... em ruína, encontram:
Amor.
Ari Mota
2 comentários:
Grande Amigo, Poeta e Pai.
Quem tem sagacidade para compreender a existência de outras raças, certamente tenta entender a grandiosidade do universo e, deste minúsculo e quase invisível ponto azul.
Beijos
Bruno Mota
Acho que teu filho sintetizou, lindamente, o que senti.
Texto forte, Ari...um chamado de quem conhece os efeitos desse abandono da essência - a idade nos dá um direito adquirido de falar da rota mal traçada, de um andar titubeante, de um olhar desbotado para os valores reais...adorei!
Um beijo!
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