terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

REABASTECER A ALMA


Acelerei os passos, disparei pelas estradas,
perdi a prudência da quietude, fiz da juventude desassossego,
do olhar frieza, dos sentimentos desapego.
Parti mais...
Celebrei infimamente as chegadas,
fui descuido, desatenção, palavras em descortesia,
isolamento em demasia.
Mas um dia...
o tempo surrou-me nas esquinas do existir,
quase perdi o fôlego, quase cai em descompasso,
por momentos e sem força quase não consegui resistir,
por pouco fiquei sem o calor de um abraço.
Cai por vezes... mas levantei por outras tantas.
Resiliente e na descoberta...
vi que tinha que reabastecer a alma,
e inútil... somente afiar a espada... é preciso as vezes encontrar a calma,
e entre um combate e o outro, vez por outra... dançar na praça,
brincar com borboletas, gargalhar em devaneios, abandonar a caça,
colher rosas vermelhas, bebericar gotas de singeleza,
realinhar sonhos, perder-se na dúvida, e jamais ter certeza.
Hoje...
Amenizo a severidade que tinha comigo mesmo, me aceito como sou.
Reabasteço-me, de mim mesmo... do meu silencio.
Minha alma perdeu a fúria, deixou de ser inquieta,
estou aproximando do tempo da razão,
olho a mim... faço versos... virei poeta,
não sou mais solidão.
Reabasteço-me, de mim... como um sonhador,
continuo... insisto,
por amor.

Ari Mota


3 comentários:

Ana SSK disse...

Por amor, por fé, por esperança. Lindo poema!

Denise disse...

Perder a fúria de viver, reconquistar a prudência da quietude...resiliente sim, sob lições fortes...

Lindo, Ari.
Um grande abraço, com meu afeto e admiração.

Sonia Pallone disse...

Meu querido Ari...a grande magia da net é essa...Poder ir e voltar pelos mesmos caminhos, como se tivéssemos saido há pouco...Continuo a respirar sua poesia como se fosse um raro perfume... Bjs meu lindo.