Quando a juventude apossou-se dos meus sonhos,
ouvi uma musica vinda de longe, uma linda melodia,
e ela dizia... sussurrava impiedosamente,
atormentava o meu dia,
punha dúvida nas minhas emoções,
me sacudia,
seus versos em reversos fez de mim espera,
fez do meu querer silencio, da minha angustia...
quimera.
E a letra traiu a minha inocência... enganou o meu coração,
diz que o amor machuca,
fere e depois se transforma em solidão.
Receei sucumbir ao abandono, ficar ao desalento,
esfriar a carne nas madrugadas e ao vento.
Mas... um dia o destino, jogou no meu colo,
atirou nos meus braços, aderiu na minha pele,
e fez passar para dentro do meu peito em esplendor,
uma louca bailarina... algumas borboletas azuis,
e tudo isso chamou de: amor.
E assim tenho vivido... abandonei o medo de amar,
danço sempre em devaneio,
e salto profundo nas minhas vertigens,
porque além da procura, busco alucinadamente o que anseio.
Hoje sou mais desejo, mais delírio, aprendiz em desvairar.
Ando às vezes vasculhando a alma atrás de cicatrizes... de vestígio,
de algum estrago que o amor causou, e nada encontro, nada a olhar.
Presencio tão somente um refugio de mim mesmo,
onde preservo, guardo
nutro todo o amor
que cintila, brilha
por você...
e para sempre.
Ari Mota