domingo, 29 de junho de 2025

O SILÊNCIO ME BASTA














Tudo bem...
que no início nada foi apoteótico.
Por um longo tempo,
demorei  em demasia,
para preencher os meus vazios,
conhecer dos meus desertos,
desvencilhar dos medos hipotéticos,
encarar os meus fantasmas,
e toda aquela distopia.
 
Tudo bem...
que no meio do caminho,
tive que recomeçar todos os dias.
E a vida me bateu,
apanhei como ninguém,
e as batalhas eram essas internas,
invisíveis, silenciosas,
até descobrir com quem lutava:
- e que o antagonista era eu.
 
Tudo bem...
que agora no final,
consegui me acertar por dentro
aceito tudo que de mim se afasta.
Fechei as contas com o passado,
e todas as dores que passei,
me fez ser o que sou hoje,
uma alma resiliente:
-e o silêncio me basta.

Mas, bom mesmo foi...
que nesta inefável passagem por aqui,
me encontrei....e tive que me ressignificar,
e descobrir que a voracidade do tempo,
já não me assusta,
perdi a pressa, o desespero,
sei lidar melhor com a dor,
aprendi a não machucar ninguém,
e nem deixar-se machucar por alguém:
-apreendi a me amar.

Ari Mota


sexta-feira, 30 de maio de 2025

SEM MEDO DO FIM


 








Que... paradoxo.
Tenho feito de tudo, me virei do avesso,
quebrei todos os paradigmas,
e dos dogmas não fiquei cativo,
até me achei perdido no meu próprio caos,
só para que... quando a morte chegar:
- me encontre vivo.
 
Que... insanidade.
Sem querer tornei-me incomum,
cheguei a pensar que era tímido,
e vi que... só fiz uma imersão na minha solitude,
e eu era introspectivo... e fiquei excêntrico,
só... escolhi ficar com a minha quietude.
 
Que... contrassenso.
Em saber que a vida é um voo incerto,
e no final não vou escapar,
e o que me restou nesta fugacidade do existir,
foi ser resiliente... foi afrontar todas as tempestades,
e quatro dos melhores humanos que conheci... amar.
 
Que... disparate.
Não tenho expectativa do que está por vir,
só anseio não ser mais o selvagem que fui,
cuido dos meus desertos, do que ali apensou,
não me falta leveza... nem silencio,
amo-me... nunca me deixei para trás,
e nem permiti... ninguém rotular quem eu sou.
 
Que... incongruência
Viver sem saber se tudo foi uma ilusão,
um experimento, uma verdade.
Bom que... prometi a mim mesmo,
em nunca me perder pelos caminhos,
distanciar de tudo que me machuca,
e só estar com quem me encanta,
e me olha com mansidão.
 
Portanto...
Quando a morte chegar... enfim,
que ela saiba... que o amarrotado do rosto,
são sinais que a tudo sobrevivi,
e que...  aqui dentro ainda mora uma alma jovem,
com um semblante austero, uma aparência sóbria,
mas, ainda é um menino...
que ama o que edificou ao longo da vida:
- viveu sem medo do fim.
 
Ari Mota



domingo, 27 de abril de 2025

VALEU CADA PASSO


 












Lá no inicio...
Tudo era desmedido,
e maior que meus sonhos... e meus passos.
Eu tinha medo de ultrapassar os meus limites,
a bagagem doía nos ombros,
as palavras dos outros pesavam na alma,
as certezas fugiam da razão.
Eu não compreendia as tempestades,
e não conseguia entender pra onde ia:
Os sonhos que eu não realizava,
as lagrimas que vertiam pra dentro do peito,
os desejos que se tornaram intocáveis
e o atrevimento de ser diferente.
Era uma procura insana, um desespero sem fim,
e não entendia de solidão.
 
E lá pelas tantas...
Quase no meio da existência,
percebi a minha dificuldade,
em encaixar-me ao mundo,
foi quando... me armei tanto,
e protegi a minha alma em demasia,
e resiliente... criei o meu universo.
E tudo fluiu...
e percebi... que solidão é estar vazio,
então... ocupei-me de mim mesmo,
das minhas loucuras e da minha poesia.
 
Agora no final... 
Já entardecido, indago...
a vida é pra que mesmo?
Só sei que por vezes ela estremeceu,
desconfio... que foi para me transformar,
pois, hoje me recuso morrer como fui,
tenho sede de revitalizar a minha consciência,
regar os amores que encontrei,
e ficar maior que eu.
A minha alma às vezes, ainda tem pressa,
e inadvertido me pergunto:
A pressa foi pra que mesmo?
Se não terceirizei a minha vida,
e livre... faço as minhas escolhas,
curo-me, e não permito ninguém me adoecer,
basto-me,
e nem ligo para olhares alheios,
e nem para o meu cansaço.
Faria tudo outra vez, como fiz...
amaria como amei,
voltaria pelos caminhos que passei.
- Eu sou o meu refúgio... Valeu cada passo.

Ari Mota


domingo, 30 de março de 2025

A LEVEZA DE EXISTIR


 








Se depois de tudo...
Dos desacertos e dos descaminhos,
da estrada vazia,
e das vezes que a solidão lhe fez companhia,
inda... encontrar coragem para se reinventar,
e passar a esculpir a si mesmo,
e seguir...
consentindo outras perspectivas,
e perceber que ainda está expandindo por dentro,
sem a necessidade de caber em expectativas alheias,
-iniciou-se então: a evoluir.
 
E evoluir dói,
é quando...
depois das suas escolhas,
descobre-se que ninguém irá te resgatar,
e morrerá diversas vezes,
e terá que renascer outras tantas... de amor,
pois outro sentimento não lhe cabe mais.
E aprenderá a mover-se em silêncio pelo caminho,
abandonando lugares e pessoas,
a procura da sua paz,
às vezes sozinho.
 
E evoluir pesa,
transforma...
desveste-nos dos conceitos,
nos desnuda dos paradigmas,
impõem-nos a virar do avesso,
conhecer dos nossos desertos,
e achar-nos dentro de nós mesmos.
Deparar com outras crenças, outra fé,
e não haverá outra escolha...
tens é que ressurgir melhor,
sem sacrificar o que você é.
 
Evoluir é...  virar do avesso a alma
e encontrar o silêncio que habita em ti
é cuidar do que está dentro
e se curar sozinho.
É se suportar e superar a si mesmo,
e se tiver que crescer... exagere,
se sonhar, arrebata-te... sai fora de si e realize,
se encontrar um amor... ame de maneira visceral,
de resto... o resto é aparência e hipocrisia.
Evoluir é viver com leveza...
permita-se só existir,
enquanto houver loucura e poesia.
 
ARI MOTA



domingo, 23 de fevereiro de 2025

A CURA


 








Existir...
É essa coisa insana,
de que nunca necessitaremos mudar a rota,
de querer viver para sempre,
e achar que a estrada estará sempre vazia,
e plana.
 
Há... e eu intrépido!  Mudei muito.
- sorte... que além de não me perder,
uma bailarina louca me seguiu,
eu a olhava com a alma,
e ela ao meu lado... ia,
e foi um lenitivo para a minha solidão,
suavizou o meu desespero,
e a rudeza que habitava em mim.
- até diminuiu a minha agonia. 
 
E fomos juntos, nem sabíamos pra onde,
sei que não estávamos pronto,
e estávamos sozinhos,
éramos confusos... e com medo,
e mesmo assim, fomos viver,
e o que nos salvou, é que éramos intensos,
cumplices das nossas loucuras...
nesse universo de desencontro,
e sem procurar... nós nos achamos.
- foi um apoteótico encontro.
 
E tudo ficou tão nosso,
por ser um só, uma única alma,
nunca acreditamos em abandono,
um... nunca fugiu do outro,
éramos abrigo de nós mesmos,
sobrevivemos ao desgaste do tempo,
talvez por saber que o nosso lugar, era em nós,
que em vez de gritar, falávamos com os olhos,
e tudo descortinava em calma.
 
E um sempre trazia de volta,
aquele que estava quase se esquecendo de si mesmo.
Sem desistir um do outro
construímos essa convivência,
e só... em ser feliz, estávamos à procura.
Atravessamos nossas incertezas,
afrontamos nossas duvidas,
mitigamos nossos combates,
atravessamos nossos desertos,
e passamos a ser um para o outro... a cura.
 
Ari Mota

domingo, 26 de janeiro de 2025

DELICADEZA


 








Tudo bem que...
Foram tantos recomeços,
tantas escolhas e poucos amores.
Ponderei tanto que virei silencio,
e nunca do abandono... fiquei refém.
Revitalizei-me em demasia,
afastei-me dos que ferem,
e passei a andar com os que curam,
até me curar das minhas dores,
e não machuquei ninguém.
 
Tudo bem que...
Abeiro ao fim,
mas... o tempo me confidenciou,
que ninguém acaba...
transformamos em universo,
e que este é o meu tempo da delicadeza.
Não há mais tempo para nada,
a não ser para o amor.
Não haverá o “depois:”
- depois: eu amo,
escrevo um poema,
viajo sem destino,
destilo a minha loucura,
sonho em devaneio,
roubo um beijo dessa sua boca,
para que as noites não sejam... solidão.
O tempo anda sussurrando para a minha alma,
celebre a vida,
contemple mais... o que resta,
e tudo... tem que ter leveza,
e gratidão.
 
Tudo bem que...
Houve momentos de rudeza,
mas... bom mesmo foi que não parei,
nem desisti,
e fui um aprendiz sem tamanho,
hoje sei que tudo valeu,
e a vida aconteceu exatamente assim:
da minha pequeneza... ao ápice de mim mesmo,
vivi o máximo que eu poderia ser,
hoje sou mais alma... que matéria,
não me procure para despejar,
o que não me agrega brandura,
não tenho mais tempo para futilidade,
virei poesia
e delicadeza.
 
Ari Mota