Que desinteligência é essa?
Só amanhã?
Amanhã é muito longe,
é uma eternidade descabida,
é um tempo distante, quase inalcançável.
Desvista dessa espera,
levante deste chão, e encare as ruas,
emerge desse ostracismo,
mergulhe na incerteza do existir,
e não demores muito...
vá realizar... todos os sonhos,
todas as fantasias... que são só suas.
Podes até pegar uma carona com o vento,
nem que seja preciso enamorar com a solidão,
e ter como companhia o medo:
Só não deixe nada para depois do por do sol,
e nem que tudo vire ilusão.
Sabe... aquela escolha,
que ficou enroscada na garganta,
e virou silencio.
Aquela taça de vinho que você não tomou,
naquela noite de desespero.
Aquele salto... que ficou estancado,
a beira de todos os abismos que encontrou.
Aquele amor adormecido,
que você deixou partir...
e nunca declarou.
Sabe... aquela cama que ficou cheia de vazios,
e aquele corpo desnudo que você não abraçou:
- Continuam por aí...
a cama continua fria, espelha-se nos invernos,
e aquele corpo vaga sozinho... com o desamor.
Mas, não demores muito...
Não permita a vida permanecer inacabada,
tudo é tão fugaz, maior que uma ventania.
Corra... há ainda tempo.
Sabe... aquelas dúvidas infantis,
esqueça-as em um canto qualquer,
abandone-as pelo caminho.
e não demore para espantar os seus fantasmas,
esses que te rondam dia e noite,
essas inverdades de te corrói,
essas pequenezas que te destrói.
Desperte... provoque a vida,
e a si mesmo.
Não demores muito para ser feliz.
domingo, 26 de novembro de 2023
NÃO DEMORES MUITO
domingo, 8 de outubro de 2023
RESQUÍCIOS DE ONTEM
Que
saibamos concluir o ontem,
e não
arrastar resquícios do que foi ficando,
margeando
a estrada.
Que
posamos encerrar cada dia,
como se
fosse o último,
e com
gratidão.
Que
posamos desfazer de coisas,
principalmente
as desnecessárias,
e
colecionarmos sentimentos,
esses incomensuráveis,
esses que
sustentam a alma,
e não
nos deixa passear com a solidão.
Que todo
o resquício de ontem,
esses
que nos atormenta,
nos
inquieta, assombra,
e desequilibra
fique
pelo caminho.
Que
possamos ter novos sonhos,
um novo
amor ou revitalizar o que existe,
e
fazê-lo um desatino,
um
disparate,
vivê-lo
como uma poesia,
para não
morrer sozinho.
Que
sobras de ontem...
não nos
ofusque, nem sufoque,
somente
seja, o que restou da luta,
e mostre
o tamanho da nossa resiliência.
Que
possamos...
preparar-nos...
para outros desafios,
agora
mais resolutos,
esses de
desafiar a si mesmo,
e a
própria existência.
Que nas
sobras de ontem...
não
fique nem o nosso grito,
e nem o
nosso silêncio,
e que
nesses restos,
fique
somente o medo.
Ari Mota
segunda-feira, 28 de agosto de 2023
SEM PERMISSÃO
De início...
Não se
preocupe se já fruiu o tempo,
ou se já
entardeceu o olhar,
tens é
que redescobrir sonhos,
tens é
que ter mais profundez,
inda há
espaço para se redesenhar.
E se
tiver que sentir medo,
ou
enamorar com a solidão,
aprecie o
caminho,
e mesmo
sozinho,
torne-se
imensidão,
e aproveite
para se encontrar.
Só
encontre o que te faz... sentir vivo,
e viva sem
ter que ter permissão de alguém,
que o
amor transite livre dentro da sua alma,
e saiba
lidar melhor com suas imperfeiçoes,
e saiba
que... nada aqui lhe pertence,
e nem...
ninguém.
Viva sem
ter que ter permissão,
para
criar o seu mundo, colher a sua flor,
não
permita que escolham...
a sua
musica, o seu riso, ou defina a sua lágrima,
nem em
qual boca ira deixar o seu beijo,
nem quem
terá o seu amor.
Viva sem
ter que ter permissão,
e tenha
coragem para ser feliz,
e
dance... enlouquecido pelo caminho,
pode até
ser à beira de um abismo,
pode ser
até com uma louca bailarina,
ou
sozinho.
Viva sem
ter que ter permissão,
experimente
despregar essas etiquetas,
esses rótulos
da pele... que vicia,
e conhecerás
a leveza das coisas,
e o
alivio de estar liberto dos outros,
que
tanto asfixia.
Viva sem
ter que ter permissão de alguém.
Que
todas as escolhas sejam suas,
que
conduza seus erros e acertos,
e nada
lhe aprisione,
e que só
do amor pela vida...
fique
refém.
Ari
Mota.
domingo, 16 de julho de 2023
REFUGIADO DE SI MESMO
Não
esqueças...
o
que abandonas pelo caminho,
às
vezes vai ficando... se perdendo,
revestindo-se
de desimportante,
e
de tão imperceptível, nem sua alma,
sua
maior cúmplice... te a avisa.
E
de repente... foi um olhar,
um
encontro, um desejo, um amor,
depois
à distância,
e
você... ao se olhar, se vê... sozinho.
Não
esqueças...
o
que abandonas.
Vez
por outra isso, torna-se um hábito,
e
passas a não notar:
o
que te fere, o que te machuca,
nem
do que de hostil te oferecem,
e
vai ficando rastros de vazios.
E
depois... bem depois, vai-se o sonho,
e
essa empatia que tanto falam,
essa
que dizem... ser para com os outros,
você
já não as tem,
-
nem com os seus sentimentos,
nem
com suas emoções... seus desafios.
E
aí, você desperta...
faltando-lhe
o toque humano,
e
em quase completo desnorte,
vê
que... o que te assombra,
é
que ao estar conectado no mundo virtual,
estava...
tornando-se refugiado de si mesmo.
Cuide-se...
de
tudo que em você habita.
Conheça
o seus desertos,
mas,
não faça ali o seu refúgio.
Tenhas
os seus medos,
mas,
os enfrente com destemor.
Quando
a vida lhe provocar,
enfrente-a
com o seu silêncio.
Não
tenhas horas vazias, leia,
ousa
musicas... pássaros,
cascatas,
a própria alma,
e
só ande com quem exale coragem.
-
Faça- lhe... sobrar amor.
Ari
Mota
quarta-feira, 31 de maio de 2023
O QUE EU PRECISO...
O que eu
quero...
e a mim
mesmo proponho,
não é a juventude
de volta.
Só
preciso...
que ela
não escape da minha alma,
- que a
pele desbote... enrugue,
a visão
turve...
as
pernas entrelacem no andar,
mas não
me deixe abster da estrada
nem
deslembrar do sonho.
O que
preciso...
é muito
pouco,
ainda
careço de horizonte,
e de
lonjura,
vou
lento, mas tenho ido em frente,
estou no
tempo da vagareza,
e do
silêncio.
Já não
intento chegar primeiro,
quero
mesmo é contemplar o caminho,
existir
até aqui... já me bastou,
encontrei
todos os meus amores,
já não
estou mais... a procura.
O que
preciso...
É que o
tempo se alongue,
e a vida
não anoiteça.
Ari Mota
domingo, 30 de abril de 2023
QUANDO VOCÊ ME OLHA
Verdade
foi que...
eu não
me dei ainda,
com a
sua imensidão.
Quando
lhe vi... encantei-me,
quase
enlouqueci,
com
tanta ternura.
O seu
olhar me tomou por dentro,
você me
olhou com olhos de outras vidas:
Aquelas...
que não tive tempo de despedir,
e fui
embora.
Aquelas
mal resolvidas,
aquelas
que nos perdemos pelas circunstâncias,
aquelas
esquecidas pelas distâncias,
aquelas...
que me virou pelo avesso,
e me
restou à solidão.
Confesso
que...
eu não
me dei ainda,
com a
sua beleza,
nem com
essa luz que brota dos seus olhos.
Você
chegou arrastando estrelas,
querendo
segredar-me o que foi vivido,
sem
derramar os silêncios que teve,
as
ausências que experimentou.
E
ofereceu-me certeza,
e
contentamento,
olhou-me...
com olhos de amor,
extasiando-me...
em noites de delicadeza.
Quando
você me olhou...
eu não
me dei ainda,
com o
esplendor dos seus olhos,
nem que
eles estavam falando comigo,
dentro desse
seu... encarar que me humaniza.
- Só
agora... esbarrando um no outro,
com a
alma,
que
percebi os sussurros,
que
escapam desse terno olhar,
que
ainda me reconhece, e quer o reencontro.
Quando
você me olha...
eu não
me dei ainda,
com a nitidez...
do que é isso,
- Só sei
que me... eterniza.
ARI MOTA
sexta-feira, 31 de março de 2023
ORGULHE-SE
Que essa
magia do existir,
o faça
transcender a si mesmo,
e o
permita... desgarrar das pequenezas.
Orgulhe-se:
De ter
suportado os adeuses,
esses
passageiros,
ou
aqueles que transfiguraram em sofreguidão.
De ter
preenchido os vazios,
esses
incomensuráveis...
- com sonhos
que duram toda uma vida.
De ter
entendido as ausências,
as
necessárias,
ou as
definitivas.
De ter
atravessado,
os seus
desertos,
sem se
enamorar com solidão.
Orgulhe-se:
De estar
aí...
insistindo,
descobrindo
a aridez do caminho.
De entender
que tudo é fugaz,
um relâmpago,
uma rajada
de vento, uma ventania.
E que as
dores que brotam na alma,
passam,
e tudo...
transforma-se em leveza,
só
dependerá da sua teimosia.
Orgulhe-se:
Daquele dia
que sentado,
na solitude
da estrada,
esbarrou
na própria doidice,
e decidiu
ser feliz.
Orgulhe-se:
Da sua
exuberante vida,
e de
tudo que viveu.
- que na
última pagina da sua historia,
a última
linha não tenha a palavra... fim.
Que você
possa registrar:
- tudo VALEU.
Ari Mota
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
QUISERA
E se houvesse
um lugar...
que não
fosse tão longe assim.
Desses...
que é só virar a curva.
Desses...
que é só descer a rua,
e
encontrar leveza.
E se
houvesse um tempo...
que não
demorasse tanto.
Desses...
revestidos de recomeços.
Desses...
que se parecem ventania,
transvestidos
de delicadeza.
E se
houvessem humanos melhores,
que não
fossem tão hostis.
Esses...
com coragem de dizer “eu te amo.”
Esses...
que ainda cuidam da alma.
Esses...
que ainda sonham sem ilusão.
E se
houvessem aqueles...
que não
tropeçassem em seus próprios vazios,
e
soubessem enfrentar a si mesmo,
amenizando
o seu desespero,
sem
alimentar a sua solidão.
E se houvessem
os que não tivessem tanta certeza,
Esses...
que não morrem por dentro.
Esses...
que se reinventam.
Esses...
que vão se construindo vida afora,
e
manifestam gratidão.
Como
estou entardecendo...
e já não
há duvidas que caibam em mim.
Quisera
eu... por um descuido...
por um
instante... “estar” nesse lugar e tempo,
e
chama-lo de meu,
e
leva-la para passear com o meu silêncio,
conhecer
do meu amor,
da minha
loucura,
sem se
importar com o fim.
Ari Mota
terça-feira, 31 de janeiro de 2023
A SENSATEZ DO TEMPO
Que sensatez
foi-me... o tempo,
olha-me
inofensivo e com ternura.
Às vezes
me remete,
naquelas
ruas desvestidas que vivi,
onde fluíam
momentos invisíveis,
e ensejos
de abandono.
Mas, foi
lá... que cresci,
e hoje
envelhecido,
sei que
crescia para dentro e não sabia.
Foi
lá... que distraído,
encontrei
a minha resiliência,
o meu
amor.
E nunca
sofri de solidão,
nem de
lonjura.
Que sensatez
foi-me... o tempo,
rememora
tudo que passei.
Ocupei-me,
tanto em resistir,
que nem
me lembro... se sofri.
E hoje o
tempo...
olha-me...
como se eu fora um menino,
sussurra-me
noite adentro,
como uma
aragem descomprometida,
e
confessa-me que sobrevivi aos vazios.
É que
todas às vezes,
que eles
atreveram-se a entrar,
invadir
a minha alma...
encontrou
despertando,
todos os
sonhos que guardei.
Que sensatez
foi-me... o tempo,
vivi tão
intensamente,
que nenhuma
espera me foi infinita,
tudo foi
uma apoteose sem igual,
uma
magia descabida,
e
efêmero foi... existir.
Sacie-me
de amores,
e envelheci
amando,
carregando
leveza, lucidez,
e
silêncio.
Como,
ainda tenho sonhos...
ando
seduzindo o tempo:
- a estender o dia de partir.
Ari Mota