Libertos...
são os
desatentos,
esses
que não carregam nada,
chegam
com o sopro do vento,
com a
luminosidade das estrelas,
descalços,
desvestidos das vaidades,
e dançam
loucamente... em noites de solidão.
Libertos...
são
aqueles que distraídos,
não
ligam para a sisudez do tempo,
nem pela
lonjura do destino,
nem pela
fugacidade do acaso,
e chegar
tem o tamanho do partir,
e não
colecionam coisas... só emoção.
Libertos...
são os
felizes... sem publicidade,
os
anônimos... que dão o espetáculo e vão embora,
os que
não inflam o ego... a procura de aplausos,
nem
sentenciam as diferenças, os descaminhos de cada um,
e transitam
invisíveis, em silêncio... sem se apequenar,
fogem da
prolixidade... da efêmera exposição.
Libertos...
são os
que sem querer...
deparam
com os seus próprios vazios,
e ficam
compassivos com os vazios dos outros,
estendem
o colo, rasgam a alma,
reinventam
ciclos, conquistam novos amores,
e se
emocionam... com uma linda canção.
Libertos...
são os
que olham para si mesmo,
e sabem
que ainda haverá... muitos temporais,
e por
ser intensos... não desistem,
são puros...
são duros... resilientes,
residem
entre a lucidez e a doidice,
revestem-se
de quietude... de sutileza... de mansidão.
Libertos...
são os
que em delicadeza... destilam amor,
e
desatentos... amam... sem cercas, sem muros,
e a
única distância que conhecem é a infinitude do horizonte,
são
cúmplices nos sonhos, nessas batalhas ocasionais,
e
comprometem-se... um ficar ao lado do outro, até fim,
e
andam... repartindo fragrâncias de jardins,
saem por
aí, ouvindo o murmúrio da vida,
extasiam-se...
ao toque sutil da mais suave brisa,
e um tem
o outro, e desatentos se dão,
- simples
assim.
Ari Mota
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