quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A ANGELITUDE DA ALMA

Custou-me... uma vida,
uma eternidade talvez,
mas... escapei desses transtornos dissociativos da alma,
consegui ter apenas uma... “uma que me habita”,
que me faz ser... o que sou,
faz-me... ouvir o som do meu silencio,
me inunda de angelitude,
e tem estado ao meu lado,
toma as minhas mãos... e vai... aonde vou.
E quando me vejo... só,
ela sorrateira... ancora-me, ao meio dos temporais,
prepara-me...  para conviver com as minhas dúvidas,
acompanha-me... nas vezes que vou até a esquina e volto,
com medo da dureza do caminho,
e me ergue... quando quase exaurido... tento desistir,
e sabendo...  que nunca me adaptei ao escuro,
só com a luz,
acende os holofotes... dentro de mim,
e sem ter onde esconder...
passo para fora... para a vida... passo dos meus limites,
e vou... enfrentar os meus vendavais.
E quando me vejo... frágil,
quase partindo... partindo de mim,
partindo dos sonhos,
indo embora dos sentimentos,
minha alma... mais lúcida... que eu,
faz-me... desapegar do temor de ser feliz,
derrubar muros e edificar pontes,
às vezes imaginárias... invisíveis aos olhos dos comuns,
sem se arrepender das escolhas,
dos descaminhos,
e nem extasiar com os triunfos,
e me confidencia... que tudo é uma preparação para o fim.
Custou-me... um instante,
um acaso talvez,
mas... não escapei da angelitude da minha alma,
essa energia... que me devora,
que me mantém na freqüência dos anjos,
na vibração da vida,
faz-me evoluir... não sei como?
- Antes de ir embora.

Ari Mota


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