Quando
inadvertido...
e
vez por outra… olho o meu passado...
lá,
não tenho nada mais a buscar.
Construí...
ao longo desse tempo, um cais invisível,
para
sempre... parar,
e
ter uma reflexão íntima de mim mesmo,
e
um cultivo do meu mundo espiritual.
Eu
vim... o abastecendo... só do que preciso,
fiquei
seletivo e fui perdendo toda a luxaria,
claro
que... tenho algumas preciosidades que coleciono,
mas,
não são mais as coisas... nem as pequenezas,
lá...
tenho os meus amores, a minha poesia,
tenho
uma coletânea de emoções... essa coisa... imortal.
Então...
reabasteço-me... encho minha alma de energia,
e
volto... a sair de mim...
enfrentar
todos os meus fantasmas,
sem
permitir que me empurrem... nem que me segurem,
nem...
tapem os meus olhos... nem os abram em demasia,
eu
decido os meus vôos, e onde pousar,
eu
corrijo os meus erros, sem ninguém julgar.
Mas,
todas as vezes que a incerteza me aborda,
arrasta-me
para a solitude...
e
tenta me jogar nesses vazios abissais,
tenho
um vento... que me leva de volta para casa,
para
o meu cais,
e
aí... viro silêncio,calmaria.
E
continuo o meu caminho...
e
nas minhas andanças pela vida,
faço
eu as minhas escolhas.
E
quando me acham... e olham-me...
pareço
isolamento,
é
que... para uns... isso vira tormento,
mas,
transmudo em beleza, leveza,
estico,
diminuo às vezes, torno-me resiliência,
e
tudo vira encantamento.
E
vou aprendendo que solidão... não é ir sozinho...
é...
quando fores e tiver que voltar,
não
ter alguém para te abraçar,
ninguém
para saber o tamanho dos seus combates,
nem
onde descarregar suas histórias, seu destemor,
nem
contar suas aventuras,
alegria...
amargura,
medos...
segredos,
e
que dentro dessa sisudez... tens brandura,
e
da alma... amor.
Solidão...
é não ter um cais... para atracar.
Ari Mota
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