Bom mesmo... é,
abrir o peito... como se
fosse arrancar a alma,
e despertar esse anjo que
aí... mora,
e sereno... tudo transmudar
em sutileza,
e depois... ao longo do
trajeto, jogar as coisas... fora.
Abandonar os excessos de si
mesmo, sem mentir,
desancorar a intolerância dos
olhos e da voz,
margear as magoas, e desfazer
dos desprazeres,
e contemplar a finitude do
existir,
sem estar entorpecido com os
sonhos, com as ilusões,
e nem se perder num desalento
atroz.
Bom mesmo... é,
abrir o canto... de alegria,
transfigurar-se em contemplação,
falar pouco... quase nada...
emudecer,
mas... quando pedirem o seu
grito:
Que ele ecoe sem ferir, sem
machucar,
e que seu discurso tenha a
leveza de uma brisa,
e a intensidade de uma
tempestade.
Podes... até ter uma vida
monástica... e vire silêncio,
sem se enclausurar.
Podes... até caminhar por
todas as estradas em dias de temporal,
mas, eternize o seu sorriso
em dias de solidão.
Podes... até, ter no caráter
um traço inabordável,
mas seja aberto... a luz, nem
que seja de um vaga-lume,
não basta contemplar uma
rosa, tens que tomar de assalto o seu perfume.
Leveza não é somente ouvir
uma musica, é sentir a sinfonia,
e pouco é molhar-se ao mar, tens
é... que ouvir o murmúrio das ondas,
e ínfimo é viver dizendo eu
te amo... assim fica incompleto,
tens é... que ter um lugar na
alma para o afeto.
Mas, se passou por aqui e não
conseguiu arrepiar a alma...
com as emoções da vida, com a
doçura de um poema,
com a beleza de um riso, com
a delicadeza de uma flor,
pouca coisa valeu... só
passou por aqui e embruteceu.
Leveza... é andar suavemente
sobre suas escolhas, suas conquistas,
seus deslizes, suas culpas e
a tudo recompor,
e depois... saltar sobre os
abismos do medo e se encontrar.
Leveza... é,
se tiver que partir não ter
nada para levar...
além do amor.
Ari Mota
Um comentário:
Arrepiante.... divino.... Absorvo sempre o que leio aqui e sempre me encontro um pouco... Parabéns vc escreve divinamente... com a alma sinto. Um bj
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