Eu vim de uma terra chamada “luxeza.”
Moram nela... os utopistas e
os poetas.
Lá é um luxo só... não temos
nada,
é tão... escasso as “coisas”,
que pactuamos só ter sentimentos,
e tudo parece um paradoxo... um
disparate.
Mas, vez em quando... cruzamos
por lá, com:
Raul, o Profeta Gentileza,
Osho e Nietzsche...
e passeamos em silêncio, sem
nenhum debate.
E depois... surfamos em manhãs
de delírios, com Fernando Pessoa,
Vinicius, Drumont e
fazemo-nos ao mar... em ondas inquietas.
Lá, tudo é para sempre... não
lidamos com o imediatismo.
Como vamos ter que conviver até
o fim, com... o que somos,
gargalhamos com os nossos
defeitos e ocultamos nossas virtudes,
mais amiúde, aprendemos a nos
amar...
sem ser menos, ou aumentar...
não nos embriagamos com altitudes.
Lá não há declínio da vida, é
só um lugar que vamos passar.
Morrer como? Lá tem uma
praça... tem um coreto,
compomos nossos poemas, e
perpetuamo-nos... em nosso soneto.
Lá não tem muros... são
apenas cercas vivas... de rosas vermelhas.
Eu vim de um lugar que os
meninos são mais homens,
e a beleza... das meninas,
não esta na zona inferior do dorso,
estampam e resplandecem na
alma... e a tudo espelhas,
e são pétalas brancas,
sutileza... flores,
e em vez de selos...
colecionamos amores.
O nosso Deus... lá, não tem
religião,
não nos provoca medo, e nem
conosco tem... segredo.
E o nosso único templo é o
universo,
e a ele nada pedimos, só
agradecemos em oração,
às vezes... na singeleza de
uma poesia, ou de um verso.
Lá tem rampa para saltar livre
sobre os abismos... em alegria,
tem rock and roll, para as
noites de solidão,
Albinoni para as tardes de
calmaria,
mas, tem Ravel para dançar em
madrugadas de paixão.
Sabes... de onde eu vim?
Eu vim de uma terra chamada
“luxeza.”
Lá se fala de sonhos,
planta-se sensatez,
estamos em sintonia com a alma
e a própria luz,
firmamos contratos... só com
o olhar,
e, há apreço entre nós... e
tudo se transmuda em beleza.
E agora... sem demora...
estou indo embora.
Até tentei ficar... sem
palavrear nenhum clamor.
Mas enojado... com as posturas
irascíveis, deste lugar,
e cansado... e com
saudades... tenho que voltar.
Lá, de onde eu vim... tem
mais amor,
e não é tão longe assim...
- é aqui... dentro de mim.
Ari Mota
Um comentário:
Dizer o quê?! Resta-me apenas aplaudir... simplesmente maravilhoso! Deixo um beijo.
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