Às vezes, me devoro com os
olhos...
Olho-me... com estranheza,
espanto imerecido,
questiono o imprevisto, o que
de súbito caiu como uma tempestade,
e encharca a alma, e despenca
em lágrimas... face abaixo,
abrindo um vazio, um buraco, uma
imensa cavidade.
Às vezes, avidamente me
contemplo...
Olho-me... com beleza e
pasmo... feliz... estou embevecido.
Danço em alegria, conto
estrelas... faço poesia,
e em noites de silêncio,
agarro a minha alma e ela em mim,
e nós, nos aquecemos em
madrugadas de calafrio.
Outra hora... vejo-me
assim... tomado de sofreguidão,
e depois... um contentamento
me abraça em êxtase,
e sutilmente vem abater a
minha aflição.
Mais pareço... metades:
Sou inquietude e calmaria...
noite e dia,
celebro o afortuno, e depois me
calo em frente... a agonia.
Às vezes me encaro... em
busca dos meus limites, do que sou,
como não consigo encontrar
coerência no meu existir,
provoco os meus acertos e
desafio os meus erros,
desabo ali... levanto em
seguida, e assim, sucessivamente... eu vou.
Não quero
saber quem inventou a distancia, nem o tempo,
não quero saber quem criou a
incerteza, nem a dúvida,
tão pouco necessito conhecer
quem trouxe a alegria e a dor,
só sei que tudo é fugaz como
uma ventania,
hora... o destino me diminui,
outras vezes me permite recompor.
E tudo vem... às vezes como
um temporal sem fim.
Traz desventura, amargura, depois...
riso e destemor.
Outras vezes instala como um
posseiro e não sai de mim.
Só sei que... isso também
passa...
Some o desassossego, desfalece
a inquietação,
e a alegria vence a solidão.
Aí eu... tento outra vez... sonho
de novo,
a vida não vai morrer
comigo... tudo é uma doce continuação,
minha dor só serve para mim, minha
alegria... espalho... por aí,
e para os outros... deixo a
elegância do meu riso,
mas, sei que isso também
passa...
mas se preciso,
deixo o que jamais desprende
da minha alma,
e “isso nunca passa”...
o meu amor.
Ari mota
Um comentário:
que bom que estás viva e saltitante. As contradições poderiam ser menores se vc tivesse um pouquinho mais de conhecimento sobre sí.Amar a sí mesmo, torna a vida mais leve e delicada.
Postar um comentário