Às vezes me desvisto dessa lucidez...
Dispo-me da embriagante ilusão do tempo, e te procuro.
Às vezes te olho... e te vejo menina,
outras vezes te busco, e te espero.
Não sei conceber-me sem você... que me fascina.
Ando sempre à procura daqueles momentos de loucura,
que guardei na alma e ficou perpetuado na foto envelhecida.
Sinto falta da doidice juvenil, dos desatinos da juventude,
da postura atrevida.
Tempos de devaneios...
Transpunha todas as barreiras e iria ao seu encontro.
Saltaria em dúvida... e em todos os abismos,
em busca do inusitado, dos meus desejos,
e depois... a procura dos seus afagos e dos seus beijos.
Eu sei, são delírios de um poeta em solidão.
São palavras soltas ao meio de tanta emoção,
não consigo voltar... nem viver esta aventura,
ficou difícil tomar em meus braços, o seu encantamento.
Tive que entender a distancia que nos separa,
redefinir a sua ausência.
Hoje tenho a sua presença apenas num espectro, em uma figura.
Às vezes te olho, e te vejo menina, que passou como o vento.
Outras vezes te busco, e te encontro em outro formato.
Às vezes me desvisto dessa lucidez... e a descubro,
em desvario, vagueando nos meus sonhos,
ou estampado na tela fria de um monitor ingrato.
Entre eu e você existe o tempo que nos afasta,
e a frieza estúpida de um retrato.
Mas, tudo é alucinação de um poeta,
que anda aqui dentro, dentro da alma, dentro de mim.
Mas, não tenha medo,
te amo...
mesmo assim.
Ari Mota
4 comentários:
Teus delírios, mais essa canção, fazem com que a viagem traga imagens, lembranças, saudade...só mesmo redefinindo a ausência, amigo poeta.
Bom domingo, abraço com afeto.
*Há semanas, tenho ouvido Paula Fernandes sem cansar. Sincronicidades...rs
Ari...
adorei vir te ler... que coisa mais linda essa emoções que descreve com palavras...
e senti cada letra dessa tua saudade, desse teu desejo do tempo que se foi...
muito bom !!!!
beijo
Meu querido
Como sempre os teus textos são escritos com os dedos da alma e como sempre adorei.
Beijinho
Sonhadora
Tem que ter alma resiliente para suportar a revisita de emoções fortes, passadas e contidas. É meu amigo, as fotos esquecidas no baú das recordações agem como catalizadores e provocam as efervecências da alma. Belo texto, bela canção.
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