Por tempos recorri a instrumentos para atingir coerência no meu
existir.
Vaguei desmedidamente a procura de harmonia para o meu
andar.
Busquei alternativas para ordenar meus passos
e identidade absoluta para poder sonhar.
Corri aos livros, aos mestres zens, as literaturas de auto-ajuda.
Fui meditar com os monges budistas,
andei descalço no Tibete,
e toda a sabedoria me chegou sem palavras,
ouvi em silencio o sermão da flor,
e arranquei do peito todo o ódio,
todo o meu rancor.
E como tudo não bastasse, inda me enveredei nas minhas vidas
passadas.
E tudo transcendeu... revelaram-se mundos, e tudo se tornou um,
e fiz do corpo apenas um domicílio espiritual.
E tudo foi muito pouco...
Inda, tendi as tradições xamânicas e recuei no tempo,
e em cânticos dancei com todos os ancestrais... em devaneios,
fui areia, pedra bruta, pedra filosofal.
Mas, certa noite, sozinho... percebi um vazio no peito,
um ardume, uma veemente vontade, uma busca.
De todas as emoções que tive... uma me faltou,
ou foi pouco, ou de tão ínfima que não a percebi.
E relutei tanto na procura... obstinei-me tanto no encalço,
que a encontrei dentro de mim.
Procurava EQUILÍBRIO... o encontrei em abraços com minha alma,
falando de amor.
Ari Mota