Acaso...
esse olhar para dentro,
dentro
do peito,
for uma
descoberta absurda,
do
próprio vazio,
e isso
lhe fizer andar a esmo,
e esse
medo que anda tatuado na alma,
for pelo
tamanho da estrada,
pela
distancia do sonho,
pela
lonjura do amor,
pelo
abismo do afeto,
pelo
tempo da solidão,
talvez
tudo isso... seja apenas,
- porque
andas fugindo de si mesmo.
Acaso
tudo for dúvida... talvez você,
não se
aceitou... assim como és,
espelha...
tanto nos outros,
que não
se achou ainda,
e foste
capturado por essa ilusão,
e ela
nunca lhe permitiu partir.
E tudo
não passou de uma fuga,
de uma
procura ensandecida...
de si
mesmo,
e não se
encontrou em lugar nenhum,
vaga
perdido,
sem
mensurar o quão grandioso é viver,
e
belo... suportar as intempéries do existir.
Acaso...
essa dúvida que te devora,
nessa
escassez de tempo que te consome,
na busca
de delicadeza,
que te
apequena,
e te
cala em noite de desespero,
e sem
querer... te silencia,
fazer
você não conseguir se encontrar,
- talvez
seja apenas porque você fugiu de si mesmo,
não
conseguiu se doar a um grande amor,
não
conseguiu povoar os seus desertos,
escrever
os seus poemas,
ouvir os
bem-te-vis,
e o fez
se perder ao meio dessa imensa insensatez,
não lhe
permitindo... levar a vida com mais leveza.
E, se
ainda procuras respostas,
e acaso
ainda se lembre...
daqueles
detalhes que foram ficando,
elas
estão todas ali, miúdas e imensas,
a sua
espera, a espera do seu olhar.
Mas...
procures não mais fugir de si mesmo,
basta...
reaprender a se amar.
Ari Mota
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