Confesso...
Desisti de rumos que planeei,
de sonhos que arquitetei ,
tive que abandonar sentimentos,
encurtar vôos, e aventurar menos,
contive o que tinha de impulsivo,
e abrandei os ímpetos... os tornei... serenos.
Confesso...
Não fui resiliente com tudo que vivi,
mas o fiz... com o nosso amor.
Talvez, foi... por medo da solidão,
mas, quando ele apossou-se de nossas almas,
grudou na nossa pele, atacou nossa inocência,
brincou com os nossos desejos, esquentou nossos beijos,
visível foi que... descobri:
que ele nunca se revelou efêmero,
e nem, e tão pouco de curta duração.
E quando ele... vislumbrou ficar para sempre,
tencionou viver até... outras vidas,
agarrei a ele, e ele em mim... com toda a leveza,
e em delírios... ofertei... a ti,
e ficamos... cúmplice um do outro,
preenchemos nossos vazios, provocamos nossas incertezas,
nossa conivência foi silenciosa, oculta até,
pactuamos sem saber, aliamo-nos sem querer,
ficamos fora do comum... e nada mudei,
e como não desfaço do que me causa estranheza,
ao seu lado continuei.
Amadurecemos tanto... que não fomos ao chão,
ficamos presos ao caule da vida, sem ilusão.
Comprometemo-nos sem nada dizer, e tudo virou quietude,
e a vida nos bateu, surrou sem sangrar,
e depois das noites de temporal... replantávamos sem odiar,
e foram acasos, imensos imprevistos... vicissitude.
Confesso...
Não fui resiliente com tudo que vivi,
mas o fiz... com o nosso amor.
Desvendei segredos, descobri nossos medos,
dancei com nossa rijeza, e tudo transmudou em beleza:
Quando o destino revelou o seu valor.
Confesso...
Encontraria com você em outras vidas,
sem culpa, nem desculpa, ou qualquer dúvida sequer,
e a te conquistaria como sempre fiz,
com todo o amor,
mulher.
Ari Mota
Um comentário:
Esta pequeníssima frase saltou do texto e me arrancou aplausos!!
"...ficamos presos ao caule da vida"
Linda tua homenagem à mulher, ao amor.
Abraço afetuoso com saudade - passar por aqui me faz enorme bem...
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