domingo, 10 de março de 2013

QUANDO A ALMA ADOECE

O que alivia mesmo... é tornar a alma serena...
é expandi-la, sem a modelar a um existir banal, para não fazê-la pequena,
acalmá-la dentro do peito, fazê-la habitar, tomar posse dos nossos vazios,
e em lucidez... um socorrer o outro, nas horas... dos desafios.
Ancorá-la, aquietá-la ao meio dos temporais...
estaqueá-la para não sucumbir aos vendavais,
e em teimosia, seguir... de preferência em silêncio ou cantando de alegria.
Mas... se o acaso avelhantar o sonho, e subtrair a delicadeza,
e de uma hora para a outra, fazer do dia... e da vida... rudeza,
e não sentir o deleite dos recomeços, e depois...
sair maldizendo o fulgor dos combates, e o fraquejar das derrotas,
não se permitir viver no seu tempo, viver o novo... não acender o escuro,
e viver se ocupando mais com os outros... que a si mesmo,
abandonar o hoje... viver no passado ou temer o futuro,
e sentenciar destinos, sem encarar o seu... que desvanece.
Talvez, sem você saber... foi acometido de um desequilíbrio ocasional,
talvez... agora, é a sua alma... que adoece,
e pálida, desbota a cada olhar... desmancha em cada esquina,
inclina-se em vertigens para fora do seu horizonte, desvia do rumo,
desampara a si próprio, passa a prover-se de desespero, e inquietação.
Mas, de tudo... tem sempre o pressuposto de tentar mais uma vez,
e arrumar um tempo para parar e escutar a si mesmo,
descobrir o ranger da própria essência... o gracejar da ilusão,
e, além disso, fazer acontecer... em vez de copiar sonhos em vão.
A alma que adoece não ri, nem conhece o sabor das lagrimas,
deixa de competir consigo mesma, não transpassa seus limites,
nem triunfa sobre seus medos, nem desvenda seus segredos,
confronta com o mundo, com os outros, com o dia, com o vento,
disfarça a fúria em quietude, sossego em tormento.
O que alivia mesmo... é tornar a alma serena...
A dor da alma tem cura, regenera em noites de solidão,
basta... avivar os sonhos e repaginar o atrevimento,
e arriscar... ser feliz,
sem olhar... como quem condena,
sem olhar... como quem...
não tem amor.

Ari Mota

Nenhum comentário: