Depois de tanto tempo, de tantos tropeços, já quase no final,
achei escondido num canto da alma, um diário da minha vida,
fui folheando paginas, revendo as incertezas do acaso... que vivi,
umas com rabiscos de inocência, outras em branco,
outras nem tanto, virei em risos às tímidas,
amarrotei as atrevidas,
mas... não teve jeito, parei nas que traziam traços de desespero,
inda encharcada de temporal,
umas, tinham em esboço, em resumo... vestígios de sonhos,
folheie as que estampavam letras trêmulas de medo,
até que, encontrei em uma delas: um pedido de socorro.
Confesso... tentei passar a borracha em algumas, apagar,
e impossível foi o passado refazer... repaginar.
Mas, na verdade tudo foi... o melhor dos meus ensaios,
das minhas tentativas, foi ali que me tornei o que sou...
pura teimosia,
cresci para baixo, enraizei-me, aprendi a não ferir a mim mesmo,
suportar as ventanias.
Como o tempo tem me furtado o fulgor do riso,
tatuado rugas na pele, descorado o cabelo, e irá um dia me enganar.
Tenho vivido intensamente, sem fugir dos recomeços,
das travessias.
Poucas são as paginas que ainda me restam... somente eu vou relatar,
e restam poucas para o fim.
Tenho em capricho... bordado cada letra, cada sentimento,
cada expressão,
ando desenhando em detalhes o que me resta, em caneta nanquim.
Antes todos tinham acesso ao meu diário, patrulhavam o meu andar,
hoje só eu nele escrevo, faço dele o meu olhar.
Como não envelheci destilando magoas, suporto os abandonos, a dor,
as perdas inevitáveis... e danço em alegria com a solidão.
Hoje no meu diário, transcrevo o que vivo:
Suavidade e calma, busco leveza para a alma,
e amor.
Ari Mota
2 comentários:
Meu amigo quanta ternura...mas creia não resgatamos o passado para vivenciá-lo ...escrevemos sim, uma nova história,linda como a que fazes agora. Abraços.
Engraçado encontrar esta temática aqui, hoje. Em uma conversa de algumas horas com uma amiga, enquanto jantávamos, fui relatando coisas da juventude, namoricos, a história feliz que passou pelo namoro, noivado, casamento...bordei as páginas dessa vida com um sentimento doce de quem viveu com encanto, sem malícia, de forma inteira, coisas leves, divertidas, emocionantes...meu olhar, eu sentia enquanto falava, se dirigia para esse tempo longínquo, e meus lábios sorriam, serenos...foram momentos que provocaram o risos e uma gostosa saudade...foi ontem que meu coração bateu descompassado, feliz, em tumulto e em paz...
Hoje fico com estas lembranças, são só amor e felicidade - e sou grata por ter lindas histórias par contar.
Beijos, amigo sumido...
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