terça-feira, 24 de maio de 2011

O COLAPSO DO SONHO


Há que se ter um olhar para dentro, postar vigília sobre si mesmo,
agarrar-se ao efêmero existir, sem desistir de sonhar,
sincronizar o destino a utópica morte,
e viver como se nada fosse acabar.
Realinhar as vontades, tracejar os novos caminhos,
reinventar os abraços, os afagos... para não ficar sozinho.
E depois... bem depois... do silêncio,
sondar sem exagero os passos da alma,
e vagar ao seu lado... ao acaso.
E um socorrer o outro em tardes de temporal,
em madrugadas de vazio,
em noites de desespero, em meio ao frio.
E mesmo com o desalento do abandono, não esmorecer,
ressurgir, rebrotar na aridez da angustia,
nem que tenha que repartir o cansaço, o fracasso,
o riso, e no improviso, compartilhar a solidão.
Porque existe uma fronteira tênue entre o sonho e o desistir,
entre ficar e querer partir,
abandonar a si próprio durante a caminhada... fugir.
Mas, há que aprender:
Quem não sonha, cresce pequeno.
Diminui subitamente na subida, e descontrola-se na descida.
E indubitavelmente pode produzir o colapso do sonho,
acabar antes de acontecer, morrer antes do fim.
Mas... haverá que redefinir a ausência de ousadia,
a estupidez do desanimo, o chegar da apatia,
e ressurgir do revés do dia, e recomeçar.
E em fantasia... ser feliz... revestir-se de alegria.
Porque tudo é breve, é pura utopia.
Que possa redescobrir os desejos, os beijos,
virar poeta... sonhador.
Fazer do existir,
amor.

Ari Mota

Um comentário:

Denise disse...

É tênue a fronteira, e o colapso, ronda esse limite...
Do título ao final, uma bela reflexão, meu amigo.

Um beijo