quarta-feira, 6 de abril de 2011

APOTEOSE MENTAL


A vida me deixou assim... meio que esquisito,
e em vigília, fiz do olhar mais que contemplação.
Fui em zelo, triagem... fiz escolhas nas companhias,
sem jamais sentir-se sozinho, desconfortável, aflito.
Fiquei seletivo no convívio, implacável na solidão.
Fugi dos falantes, dos locutores de vazios,
dos que vociferavam o engano, malogravam a verdade,
esboçavam impiedosamente suas neuras, sua apoteose mental.
Corri toda a minha vida... dos insolentes, dos desvanecidos,
dos revestidos de ridícula soberba, dos entristecidos.
Afastei dos insensatos, dos que queriam o centro, a divinização.
Hoje... movimento minhas asas com autonomia, sem influência,
salto livre nos abismos das minhas vontades, sem domínio.
Dispo-me dos meus medos, sem prudência,
sou descomedido no pensar, solto no andar,
não creio, nem julgo... faço silêncio com o olhar.
Sou senhorio do meu arbítrio, comando minhas vontades,
faço experiência com os meus desejos.
Distancio-me dos contadores de histórias... das inverídicas,
ninguém direciona meus abraços, meus afagos, meus beijos.
Encontro grandeza no que é simples, no imperceptível,
contemplo pétalas de rosas vermelhas, faço versos,
virei aprendiz de poeta.
Aqueço-me em madrugadas de insônia com minha alma,
que calma... afaga-me, me acalenta, e ao meu lado aquieta,
deixa-me sereno, feliz, não me faz pequeno,
estou no tempo da sensatez.
Danço em devaneio com uma louca bailarina, que me alucina,
ouço o acordar da natureza, observo os bem-te-vis, e o beija-flor.
Hoje... convivo somente com os que em apoteose,
fale de amor.

Ari Mota


9 comentários:

Marilu disse...

Querido amigo e poeta, com esse poema chega-se a perfeição, descarta-se tudo o que não nos é importante, ficamos apenas com aquilo de nos dá prazer. Absolutamente lindo, como tudo o que você escreve. Beijocas

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Querido Ari

Solto...livre e leve, é assim que devemos levar a vida.

Dispo-me dos meus medos, sem prudência,
sou descomedido no pensar, solto no andar,
não creio, nem julgo... faço silêncio com o olhar.

Adorei e deixo um beijinho
Sonhadora

Sonia Pallone disse...

Depois de te ler, sempre fico assim, com 'cara de paisagem', coração sem cenário, solto no peito...Beijos meu querido Ari.

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Ari, ainda procuro dentro de mim essa serenidade...

Beijo

:)

Denise disse...

Vc ficou resiliente, sábio e sereno - dono de seu arbítrio, comandante na trajetória de vida que escolheu ter.

Poucos alcançam essa solitude, essa mansidão, esse grau de evolução. Parabéns pela conquista!

Um grande abraço e um fds cheio de bons momentos!

Anônimo disse...

Que me sirva de exemplo...

Há muita coisa boa nessa vida para nos apegarmos aquilo que nos impede de sermos felizes.

Beijos e bom domingo,

Nara Sales disse...

Queria saber ter o desprendimento que você tem. Ser ousada na vida assim como você.

NOEMI disse...

MEU QUERIDO!!!VOCE É A LUZ NO CAMINHO DE TODOS NÓS.
TENHO UM PRESENTE PRA VC. NO MEU BLOG.
UM ABRAÇO CARINHOSO

Marcello Lopes disse...

Fazendo silêncio na alma ao ler esse texto.