O destino, certa feita impôs-me romper a indolência,
arremessou-me na estrada, soltou das minhas mãos,
e em desamparo, em desatino fitei o horizonte... segui o caminho,
no princípio cismei que o trajeto seria somente linha reta,
e que mesmo sozinho, era só continuar.
E assim... derrapei na primeira curva, tive que parar,
recompor o susto, bater a poeira, realinhar o existir,
tomar fôlego, redimensionar a direção, e seguir.
Eu que visualizei uma via única para caminhar,
a deparei sinuosa, ondulante, vaga, distante,
serpenteava em minha frente, flutuava no meu olhar.
Perdia o foco em madrugadas de neblina,
tremia de medo em noites de ventania,
parei muitas vezes, e muitas foram as que quis voltar.
Resiliente... sempre seguia em frente.
Procurei atalhos, vereda secundária, rua imaginária,
intentei ir... fui seduzido pela dúvida de chegar,
transpirei de cansaço, de incerteza,
fiz da minha alma companhia, fortaleza.
E hoje envelhecido...
Sei o quanto foi magnífico que minha trajetória,
transcorresse em vias contraditórias,
em ruas descalças, em avenidas infindas,
em curvas tortuosas, teimosas.
Cresci com o meu caminhar... fiz de mim,
um caminhante, que de errante nada tem,
caminho oferecendo carona
aos que me olham com amor,
fazem-me...
bem.
Ari Mota