sexta-feira, 30 de maio de 2025

SEM MEDO DO FIM


 








Que... paradoxo.
Tenho feito de tudo, me virei do avesso,
quebrei todos os paradigmas,
e dos dogmas não fiquei cativo,
até me achei perdido no meu próprio caos,
só para que... quando a morte chegar:
- me encontre vivo.
 
Que... insanidade.
Sem querer tornei-me incomum,
cheguei a pensar que era tímido,
e vi que... só fiz uma imersão na minha solitude,
e eu era introspectivo... e fiquei excêntrico,
só... escolhi ficar com a minha quietude.
 
Que... contrassenso.
Em saber que a vida é um voo incerto,
e no final não vou escapar,
e o que me restou nesta fugacidade do existir,
foi ser resiliente... foi afrontar todas as tempestades,
e quatro dos melhores humanos que conheci... amar.
 
Que... disparate.
Não tenho expectativa do que está por vir,
só anseio não ser mais o selvagem que fui,
cuido dos meus desertos, do que ali apensou,
não me falta leveza... nem silencio,
amo-me... nunca me deixei para trás,
e nem permiti... ninguém rotular quem eu sou.
 
Que... incongruência
Viver sem saber se tudo foi uma ilusão,
um experimento, uma verdade.
Bom que... prometi a mim mesmo,
em nunca me perder pelos caminhos,
distanciar de tudo que me machuca,
e só estar com quem me encanta,
e me olha com mansidão.
 
Portanto...
Quando a morte chegar... enfim,
que ela saiba... que o amarrotado do rosto,
são sinais que a tudo sobrevivi,
e que...  aqui dentro ainda mora uma alma jovem,
com um semblante austero, uma aparência sóbria,
mas, ainda é um menino...
que ama o que edificou ao longo da vida:
- viveu sem medo do fim.
 
Ari Mota