domingo, 27 de abril de 2025

VALEU CADA PASSO


 












Lá no inicio...
Tudo era desmedido,
e maior que meus sonhos... e meus passos.
Eu tinha medo de ultrapassar os meus limites,
a bagagem doía nos ombros,
as palavras dos outros pesavam na alma,
as certezas fugiam da razão.
Eu não compreendia as tempestades,
e não conseguia entender pra onde ia:
Os sonhos que eu não realizava,
as lagrimas que vertiam pra dentro do peito,
os desejos que se tornaram intocáveis
e o atrevimento de ser diferente.
Era uma procura insana, um desespero sem fim,
e não entendia de solidão.
 
E lá pelas tantas...
Quase no meio da existência,
percebi a minha dificuldade,
em encaixar-me ao mundo,
foi quando... me armei tanto,
e protegi a minha alma em demasia,
e resiliente... criei o meu universo.
E tudo fluiu...
e percebi... que solidão é estar vazio,
então... ocupei-me de mim mesmo,
das minhas loucuras e da minha poesia.
 
Agora no final... 
Já entardecido, indago...
a vida é pra que mesmo?
Só sei que por vezes ela estremeceu,
desconfio... que foi para me transformar,
pois, hoje me recuso morrer como fui,
tenho sede de revitalizar a minha consciência,
regar os amores que encontrei,
e ficar maior que eu.
A minha alma às vezes, ainda tem pressa,
e inadvertido me pergunto:
A pressa foi pra que mesmo?
Se não terceirizei a minha vida,
e livre... faço as minhas escolhas,
curo-me, e não permito ninguém me adoecer,
basto-me,
e nem ligo para olhares alheios,
e nem para o meu cansaço.
Faria tudo outra vez, como fiz...
amaria como amei,
voltaria pelos caminhos que passei.
- Eu sou o meu refúgio... Valeu cada passo.

Ari Mota