domingo, 24 de novembro de 2024

RASCUNHOS


 







Dia desses esbarrei nos rascunhos da minha vida,
encontra-los foi um acaso... e estavam ali,
nas minhas profundezas... escondidos.
- Num canto ermo da alma,
quase adormecidos.
 
Eu que os tinham como restos de mim,
fui subjugado pela minha própria verdade,
e percebi que eram fragmentos da minha construção.
- De Tudo que me tornei,
da minha imensidão.
 
Eram rascunhos... das minhas tentativas,
adormeciam ali... como se estivessem a minha espera,
compassivos olhavam-me querendo me dizer: valeu.
- Eram rascunhos dos meus sonhos,
rabiscos da minha trajetória... era eu.
 
E olha... cheguei a pensar que não mais existiam,
que ficara perdido pelo caminho,
eu só não sabia que eles estavam dentro de mim.
- Ainda interferindo nos meus percursos,
e definindo com quem ir... até o fim.
 
Há! Esses rascunhos...
Estavam ali... espalhados, rabiscados, desarrumados,
como se fora remexidos por um vendaval.
- mas só agora entardecido,
sei que no inicio fui um rascunho, e hoje atemporal.
 
Eu sei que já fui um esboço,
infinitos ensaios, uma soma de reinícios,
e hoje ainda estou aqui... como um aprendiz.
- e continuo incompleto, evoluindo,
precisando de muita coragem... para ser feliz.
 
E assim... de inicio a vida me surgiu irreverente,
amedrontou-me, quis conter-me, inibir o voo,
e aí... fui tentar sem disfarce, experimentar o inusitado,
e para conseguir gerei tantos rascunhos... sem querer.
- aprendi a suportar as minhas tempestades,
e intrépido... fui viver.
 
Ari Mota