domingo, 27 de outubro de 2024

REIMAGINAR


 








Se um dia... acordar estranho,
e um sentimento pretérito invadir sua alma,
o sacudir sem dó,
e doer sem tamanho,
o fizer embriagar-se de passado,
e de coisa que já tinha esquecido,
fazer-lhe reimaginar o que se perdeu no tempo,
das estradas vazias, e da cama sem ninguém,
dos dias que caminhou... só.
Lembre-se... você não está mais lá, você partiu,
agende uma reunião consigo mesmo,
pode ser nessas noites de silêncio e reflexão,
e reimagine todos esses desertos que atravessou,
todas as vezes que sobreviveu a solidão
e não desistiu.
O que tens a fazer é comemorar quando tudo mudou,
quando... sem querer,
experimentou a sua coragem,
quando na verdade cansou dos seus medos,
e extraiu os excessos que acumulou na alma,
essas quinquilharias guardadas... sem serventia,
essas inutilidades dos pensamentos,
que ficaram sedimentadas visceralmente,
quando teve que fazer uma assepsia.
Mas, que de tudo... fique apenas,
o quanto... extasiou-se por ter extraído de dentro,
quem um dia tanto te... machucou.
E se tiver que reimaginar a vida,
só reescreva os dias de encanto e ternura,
só reedite as gargalhadas infinitas que deu,
os beijos proibidos que roubou...
e aqueles dias insanos que viveu.
Só reimagine... das vezes que amou,
faça uma releitura da sua história,
arranque aquelas paginas,
que constam aqueles que te odiou.
Só reimagine das vezes que foi feliz,
é chegada a hora de apagar...
o que não te fez bem,
e não se importe se ainda restou... cicatriz.
Reimagine...
o espetáculo que foi chegar aonde chegou...
o quanto evoluiu,
o quanto descobriu,
o quanto te transformou.


Ari Mota