Viver...
é esse disparate,
essa
insensatez indescritível,
esse
absurdo.
De
repente, sem se perceber...
saciamo-nos
de inutilidades,
absorvemos
a vida dos outros,
e permitimos
sem desvelo,
invadirem
nossa alma:
- Esse
lugar sagrado,
sem qualquer
embate.
E chegam
assim... em aflição,
despejam
suas dúvidas,
sua
agonia, seu cinismo,
dissimulam
a sua vileza,
entopem-nos
com os seus vazios...
sua
miséria espiritual,
sua
sofreguidão.
Prudente
é não arrastar esse desassossego,
para não
tornar-se vitima de si mesmo,
e dele
ficar refém.
É
preciso resguardar esse refúgio:
- para
suportar a solidão dos outros,
e a
solidão de si.
Filtre
quem ficará ao seu lado,
e quem
permanecerá lá dentro,
não
vislumbre o seu amanhã... sem ninguém.
A alma
tem que ser intocável.
E quem nela
transitar:
Tem que
estar descalço,
e ter
leveza no andar.
Tem que
compreender a sua loucura,
e seus
temporais.
Ouvir o
seu silêncio,
e tolerar
os seus rituais.
Tem que aceitar
a sua imunidade,
venerar sua
alma... como um templo em delicadeza,
e nela
nada entulhar, nem levar,
apenas...
vasculhar a sua profundeza.
Esse é o
seu lugar sagrado,
e
guardarás nele, o seu segredo:
- a
dimensão da sua coragem,
e o
tamanho do seu medo.
Só deixe
entrar quem chegue com brandura,
e seja cúmplice
de seus sonhos, da sua dor,
e na hora
do cansaço... conceda-lhe o braço,
e admire
a sutileza como você manifesta o seu amor.
Ari Mota