Amo aqueles que se aventuram,
embrenham-se... destino afora,
e deixam sutilmente... tatuado no próprio sonho,
ou preso do lado de fora da alma...
um recado... simples assim: fui embora.
Fui tentar.
Fui repartir uma parte de mim,
fui me perder... com um... outro alguém.
Me... embebedar de delírios,
reconhecer as minhas loucuras,
enfrentar os meus temporais.
Fui... para não construir muros em minha volta,
ficar em desalinho.
Fui tentar... ter somente o que preciso...
não o que mereço,
fui ser feliz... nem que sejam lampejos,
instantes infinitos,
fui me apaixonar pela vida... só para me encontrar.
Amo quem mesmo distraído:
vai embora sem despedir,
quem não teve tempo para os desassossegos,
não conseguiu, nem sequer um minuto...
para as dúvidas,
e nunca chegou a descrer... do seu próprio caminho.
Amo... quem... desconecta de outros juízos,
e em silêncio nada pede, segue... vive em calma,
e vai embora... das coisas... dos desamores,
vai embora... dos seus medos,
vai embora... para ficar mais perto...
de quem na verdade... é,
vai embora para aprender a não ferir ninguém,
e sabe que depois de tudo...
só, dá mesmo... para levar: a sutileza da alma.
Amo quem...
leva a vida aprendendo com os contrários,
e nas tempestades... quando a vida sacode,
não se desespera... tranqüilo... vira-se...
faz o que pode.
Amo... quem... foi ser o que decidiu... ser,
quem arrumou a alma para o inesperado,
sem jamais deixar no abandono... a si mesmo,
quem... semeia equilíbrio de maneira visceral,
e o que é superficial... não mexe com o seu interior,
transforma emoções instantâneas, em riso desmedido,
e atrevido... nunca diz:
o quê fazer para... que você me ame,
ama sem volta... sem troca... com a pureza do seu amor.
Amo... quem... sem desespero... vai embora,
e sem demora... deixa um recado do lado de fora da alma:
Fui tentar... ser feliz.
Ari Mota