enfileirar-me aos demais... fazer-me,
mais um.
Quiseram... distorcer o meu
semblante, enquadrar a minha cara,
e quase... fui pego pela
sordidez do acaso, quase fiquei comum...
Bom mesmo... é que podemos
nos resgatar vez em quando,
revolver o passado, juntar os
pedaços, e realinhar o sonho.
E foi aí... que destoei da
multidão...
Como saltei sobre os
abismos... de mim mesmo,
e sem medo não segui trilha
de ninguém,
olham-me... tentando inventar
o tamanho da minha solidão,
sem saber, que de sozinho...
nada tenho.
Quem me olha... percebe-me,
apenas de outro ângulo,
eu... sou uma, outra
perspectiva... tenho uma, outra grandeza,
sem ser mais, sem ser menos.
Só não conseguiram...
regrar-me para viver somente o agora,
nem me modelaram como coisa
de consumo,
não vou desaparecer pelo uso,
nem evaporar como brisa,
nem tão pouco, existir em
desespero, ou ser um vento banal,
não serei desassossego, nem efêmera
será minha caminhada,
os passos serão lentos, cadenciados,
firmes,
se um dia me perder... retomo
novamente a estrada,
tomo uma vez mais... todas as
poeiras que tomei,
e se preciso, tropeço em
todas as pedras que pelo caminho encontrei,
esbarro ali, caio mais
adiante, ergo-me outras tantas vezes,
vou lento, no compasso da
minha coragem, encarar o meu final.
Não vou passar como uma
ventania,
só que... não vim para ser
assim... tão conciso,
aqui estou... para ficar e para
sempre.
Custou-me, quase uma vida...
mais consegui libertar a emoção,
amo descomedidamente... aos
que assim comigo agem,
os tenho com ternura, os
guardo na alma com brandura,
não sei se são poucos, ou
muitos... mas são... os que tenho,
e a eles tudo faço, ofereço
colo, beijos e abraço.
E assim... vou
descortinando-me ao afeto, ao sentimento, ao agrado,
e antes de ir embora, em
minha alma... os deixo perpetuado.
Quero ficar em suas lembranças,
e se possível, um dia...
povoar os seus vazios, se eu
não os esquecer, jamais me esquecerão.
Na verdade... busco
eternizar-me, além dos meus versos,
além da delicadeza e da
transcendência da minha poesia.
Vou desfrutar do que mais
necessito... silêncio e ousadia.
Ao calar-me... torno-me
contemplação.
Ao ousar... mudo, altero-me,
equilibro-me... sou mansidão.
Quiseram... tirar de mim a
coragem para ser feliz, e ali nada pôr,
nem riso, nem amor.
Desistiram...
Ari Mota
Um comentário:
"Destoar da multidão"é fazer-se único, uno, especial, distinto...e permanecer assim na alma de quem convive...amar sobre todas as coisas, eternizar-se no afeto e lembranças boas...
Que bom que vc não desistiu de si mesmo!!
Inaugurou o ano com profundidade, Ari, como é de teu feitio. Isso é um presente pra nós, um convite à sempre reflexão. Obrigada!
Bom 2013!
Abraços!
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