mas também levou a pressa, a
impaciência, a inquietação.
Perdi pelo caminho, a força
muscular, a robustez da resistência,
sei até que fiquei
vulnerável, e com alguma limitação,
e antes que o destino me leve
à lucidez, ou me deixe senil,
inda fantasio-me de ilusão,
inda viajo na utopia do vento,
aposto na vida que ainda me
resta,
na estrela que brilha nos
meus sonhos,
e insisto ainda extrair da
alma algum talento.
Quando jovem, fui ponto
final... desistia sem demora,
hoje envelhecido tornei-me
reticências...
mudo, renovo-me... antes de
ir embora.
E quando era para abaixar as
velas, ancorar o barco,
olhei a imensidão do mar...
não teve jeito, tive que
continuar.
Estranho... tenho lidado mais
com a velhice,
parece-me o tempo da pausa
absoluta, pura contemplação.
Quando jovem tudo era fugaz
como um vendaval.
Hoje, sou reticências... nada
termina, tudo esta por terminar,
existir é uma obra inacabada,
em busca de perfeição.
Como sou resiliente, ando
buscando atalhos, outro caminho.
Antes, ia... em todos os
lugares, subia nas montanhas,
saltava em mergulho nas
cachoeiras, farreava em noites inteiras,
vagueava em madrugadas frias,
para não ficar sozinho.
Hoje o tempo inibiu os meus
movimentos, a sutileza do andar.
Tenho grossas lentes, que ofuscou
até o colorido do olhar.
Mas... sou livre... ando para
dentro, dentro de mim.
Troquei o barulho do mundo,
pela calmaria da minha alma.
Falo com o olhar... virei
silencio... desvisto todos os meus medos.
Quando jovem fui ponto
final... desistia sem demora.
Mas, agora...
envelhecido tornei-me
reticências... um poeta, um escritor,
ando reconstruindo os meus
enredos,
e colocando nas minhas
narrativas,
e na minha vida:
amor.
Ari Mota