De tudo ficou a certeza da dúvida, e que nada sei.
Quando menino, o mundo cobrava-me o que ser,
quando crescer.
Vieram às desconfianças patológicas, quase virou maluquice.
Saí à procura de referência, corri aos livros,
desespero de juventude... pura tolice.
Fui procurar o “eu” em outra história e outras almas,
quase fui abatido pelo vazio, pela ausência de mim.
O tempo implacável fluiu como um vendaval,
fui esticando sem crescer.
Por um triz, quase nasceu um vão aqui dentro, sem igual,
sorte foi que a circunstância não me deixou fútil,
nem a necessidade, vil.
Sobrevivi à rudeza do cotidiano e a estupidez juvenil.
Eu que necessitava ser alguém quando crescesse,
tornei-me “eu” sem saber.
Errei em demasia, corrigi sem temor e acertei em analogia,
houve tempos de derrotas, outros de alegria,
e eu que não sabia quem seria... encontrei-me.
E na descoberta, cresci... sou assim, do meu tamanho.
Hoje não mais me pergunto o que vou ser quando crescer,
a pergunta do agora é o que vou ser quando envelhecer,
e esta é a questão do amanhã, acontecer sem iludir.
Como já fui surrado pelo existir,
hoje quem faz as escolhas sou eu e minha alma,
vivo em volta dos meus desejos, que me acalma,
e antes que vá a lucidez.
Danço em madrugadas de solidão e ao léu,
e sempre... com uma louca bailarina, outra vez,
ao som de uma orquestra de borboletas azuis,
tocando Ravel.
De tudo ficou a certeza do sonho,
e como sou aprendiz... de mim.
Hoje sei o que vou ser quando envelhecer:
Feliz.
E você?
Ari Mota
6 comentários:
A gente sonha, elege dos sonhos, os de importância maior, escalando as montanhas, contornando os vales, enquanto tropeça nas pedras pequenas.
Na velhice vou usar este olhar diligente para os pedregulhos, ciente de que são eles que roubam o ânimo e atiçam a alegria.
Quando a velhice chegar, talvez o silêncio fale mais do que as palavras são capaz - será hora de olhar para trás e sorrir para o dia presente. Na velhice, vou alimentar a criança que minha alma pariu e jamais morreu. Nem as dúvidas vou procurar solucionar, já terei a certeza de que tudo que vivi, nem tudo me ensinou.
Antes de tudo, entretanto, quero poder envelhecer.
Um beijo, bons sonhos!
Eu? Sei nao, Ari...
Sei que quero muito ser alguem melhordo que sou hoje, sei que quero fazer essa vida curta valer a pena.
Mas o que eu serei? Nao sei... Nemsei quem sou na atualidade.
Quero ser feliz também, feliz como bolhas de sabao que o vento faz flutuar!
Tinha esqueciedo como é bom vim aqui pra sentir de verdade o que é ser humano.
Milhoes de beijos
O crescimento é uma incógnita. A gente busca, busca, busca e essa busca parece interminável. Então, em algum momento, no meio de um pensamento ou duma situação, descobrimos que tudo isso faz parte de crescer.
E ser feliz, Ari, é uma ótima escolha. Aliás, dentre todas, a melhor.
Estou conhecendo seu blog hoje..
Li sua postagem realmente vale a pena ter um amigo como você.
Sei que terei muito para aprender pela grandeza de sua postagem.
Um lindo Domingo beijos meus,,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
Já sou feliz agora, só pela oportunidade que tenho de te ler, o resto...estou sempre correndo atrás, felicidade é a gente que constrói e que destrói também, um jogo que a gente joga perigosa e irrefletidamente, sempre...Beijos, meu querido poeta.
Olá,
Eu não parei de sonhar e de me mover em direção aos sonhos possíveis de realizar de acordo com as minhas condições, claro!!!
Lindíssimo post!!! Bailei daqui... Aprecio demais música e dança do estilo do post...
Abraços fraternos e uma nova semana iluminada.
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