sábado, 14 de agosto de 2010

A LUZ


Houve um dia em que o destino roubou-me o conforto,
subtraiu-me a delicadeza, fez de mim um caminhante,
sem direção,
tive que enfrentar a rudeza do cotidiano, o desamor dos homens,
saí para viver o dia, o convívio, encontrar amores, afetos,
desafetos,
saí para o combate... enveredei-me na conquista, no ter,
no possuir,
houve ausência de cores no meu existir,
assustei-me com a negrura da noite,
ao léu... vaguei desnudamente com os meus medos,
sem emoção.
Busquei pelas estradas, luz...
pelo existir... atalhos que luzisse clareza,
e luminosidade que viesse resplandecer meu caminho,
um sinal que realçasse trilhas, ofuscasse crepúsculos, cintilasse o sol,
e fizesse alvorada em todos os meus desejos,
em todos os meus sonhos,
brilhasse com fulgor meus devaneios,
minhas secretas loucuras.
Saí em busca do esplendor do brilho, do teatro iluminado...
do aplauso.
Fiz espera na esquina... de claridade para os meus passos,
para o meu andar, e sol a prumo para o meu viver.
De nada valeu a busca, de nada valeu a espera,
não deparei com um candeeiro ou uma vela a minha frente,
no meu caminhar.
Em silêncio... fugi para dentro de mim mesmo,
fiz das adversidades, geradores de energia, encontrei a luz,
na descoberta fiz da minha alma... brilho,
passei a iluminar o meu existir,
ter luz própria, revelar-se em deslumbramento,
ter vertigens de amor, encanto pelo encontro, embriagar-se de orvalho,
rir-se do nada,
seduzir-se pelo simples, pela fugacidade da vida.
De tudo que passei, tudo foi muito intenso, ou talvez muito pouco,
mais valeu.
Sobrevivi aos descaminhos do andar, tive que brilhar para mim mesmo.
E hoje as velas que acendo não são para pedir,
nem para clarear meu caminho,
já o percorri de olhos fechados...
hoje acendo velas...
para agradecer.

Ari Mota


7 comentários:

Denise disse...

Foi a escuridão que guiou o percurso, e, em vertigens de amor, a luz se fez, em teu interior.
É onde brilha nossa luz, só revelada após a coragem de partir, sem candeeiro algum, e o farol enxergar, apontando para onde os passos devem nos levar.

Tão linda essa revelação, meu amigo. Tocou-me. Bons sonhos!
Abraço forte!

Marilu disse...

" embriagar-se de orvalho,rir-se do nada,seduzir-se pelo simples, pela fugacidade da vida". Querido amigo poeta, nada mais bonito que deixar-se seduzir pelo simples...Amei..Tenha um lindo final de semana...Beijocas

Anônimo disse...

Ari Motamigo

Os blogues são como as cerejas, vêm sempre uns atrás dos outros. Descobri-te através da Sónia e aqui estou gostando muito do que é este teu trabalho, aliás excelente.

É preciso ter coragem para ser feliz - é muito bom. Eu, que adoro escrever e da escrita fiz o meu ganha-pão, tenho de te felicitar.

Espero por ti lá na minha Travessa. E pelos teus cumentários, com o. E pelo resto. Eu já sou teu seguidor...

Abs

Anônimo disse...

Olá,Ari!
Eu também acendo velas para agradecer. A vida nos ensina muitas coisas, ainda bem que temos humildade para aprender. Muito lindo seu poema. Perfeito. É muito bom estar aqui e sei que voltarei mais vezes. Bjsssss

Unknown disse...

Nas tuas palavras vi poemas, que adentraram meus sentidos.
No silêncio dos olhos, sensíveis aos meus ouvidos.
Foi nessa passeio de busca que encontraste tudo isto e no instante do pensamento, na calma que a ti invadiu, sentiste todas as luzes, se abrindo como um céu de anil.
Ora sim com tuas velas acesas, pelas bençãos da pureza, que adentraram o peito teu.

Lindo texto.

Parabéns!
Obrigado pela visita em meu recanto.

bjs

Livinha

ValériaC disse...

Ari querido, você retrata em seus versos seu caminhar, seu iluminar interior, a beleza da sua alma...lindo demais amigo..
Beijos...
Valéria

Sonia Pallone disse...

Ari, já me faltam palavras para dizer o quanto gosto da tua escrita, dessa cadência que vc coloca nas palavras, feito uma música que a gente dança inconscientemente, só pelo prazer que ela proporciona...Não me canso de te ler, de verdade! Bjs.