Ao longo da minha viagem fui acometido de solavancos,
vieram de forma imprevista,
e sucederam de maneira fugaz
e fizeram do meu existir um severo estremecimento...
sacudiu minha alma.
A minha travessia tem sido demasiadamente longa,
sempre tenho que firmar meus pés ao solo...
sem hesitação,
e meu caminhar sem perplexidade.
Às vezes o chão que piso, trepida como se fora abater-me,
intentam tirar-me o equilíbrio,
apossar-se da minha coerência,
e roubar-me a lucidez.
Às vezes detenho-me preso à fronteira do medo e da coragem,
meu andar leva-me aos confins e me entrego a duvida e a certeza.
Uma lagrima tênue escorre face abaixo embebendo o riso e a dor.
Em devaneios deparo com os descaminhos,
e realinho-me nos sonhos.
Desvencilho-me dos rancores,
ponho-me em paralelo aos amores.
E em vôos... suporto as turbulências do existir...
e resisto.
Recupero-me quando me amarrotam, tiram-me o original,
ofuscam-me o brilho... dissimulam-me o lustro.
Supero o adverso... insisto,
insisto tanto, resisto tanto,
que hoje sou prisioneiro das minhas vontades,
senhorio dos meus anseios, e independente no arbítrio.
E defronte de tudo isso, o destino...
fez de mim o que sou:
Fui condenado a ser feliz.
Ari Mota