Se o seu caminhar for interrompido abruptamente,
com o terminar da estrada,
e buscar em vão a bússola... não encontrar o norte,
e a noite chegar repentinamente,
e na diagonal do ombro, à tira-colo... portar ventania,
e em fúria fazer cair das nuvens águas intempestivas, gelar a carne,
sacudir, estremecer os ossos, fazer vazios.
E o destino cobrir de ébano sua visão do horizonte,
e seu olhar tornar-se ofuscado pelo medo,
e uma inquietação brotar de dentro, arrancando suas fragilidades,
expondo suas fraquezas, sua infinita vontade de voltar, de ter um colo,
e em prantos pedir socorro, implorar afeto, querer um carinho, um abraço,
e a alma em soluço vociferar que está sozinha,
que perambula pelo existir sem ninguém,
e que vagueia em devaneios pelas madrugadas a procura de esteio.
E dos olhos saltar gotas de solidão, doer o peito, e quase morrer em vão.
Não desista... cerre os olhos, vá ao encontro da própria alma,
abrace-a com ternura, leve-a a um lugar despovoado,
refugie-se no descanso, recolha-se no silencio,
retire-se do exposto, caminhe ao acaso... rume à interiorização de si mesmo.
Resista... se não conseguir suportar a ventania, nem as chuvas intempestivas,
graceje com a dor, divirta-se com o sozinho, encante com a ausência,
e faça da sua carência, um momento único do seu existir,
você terá apenas esta oportunidade... de viver esta vida.
Conceba as ventanias... como forças... que fazem crescer,
evoluir, manter-se de pé, robustecer a essência, aprofundar o sentimento.
Arrisque ser feliz... outra vez... sempre, desmedidamente,
Se... preciso com amor,
se não precisar...
ame assim mesmo.
Ari Mota
Bonito texto, Ari.
ResponderExcluirBeijinho em ti.
Querido poeta, resista faça igual aos bambús, eles vergam mas não quebram, suportando o mais feroz dos ventos. Arriscar sempre vale a pena..Lindo texto..Beijocas
ResponderExcluirOs vendavais são o luxo do amanhã, pois que varrem a poeira levantada, secando o caminho banhado pelas lágrimas e arejando os cantos da vida...
ResponderExcluirNão desistir. Tentar outra vez. Adorei.
Beijos, meu amigo!