sexta-feira, 1 de julho de 2016

FUGIR DA INDELICADEZA DO DIA
















Afigura-se... às vezes,
que abandonei os apetrechos de defesa,
descuidei da linha de frente,
desguarneci a minha resiliência,
ofusquei o traço tênue... da minha teimosia.
Mas sobrevém... que tenho uns instintos,
um ardor que brota aqui no peito,
um ímpeto que estremece a alma,
e me sussurra que... é hora do intervalo,
de despir-se da armadura,
aquietar-se... para não despertar em agonia.
E assim... para não expor vestígios de desespero,
concedo uma ¨pausa¨ aos meus embates,
rendo aos meus delírios,
sou vencido pela minha doce doidice,
e assim... cismo em... enternecer a minha poesia,
perder-me ao meio daquela melodia,
daquela velha canção,
e em desatino... tudo se manifesta,
faço a minha loucura dançar com a minha lucidez,
em noites de solidão,
e em segredo recolho-me,
vou colher estrelas em alto mar,
e atravesso aqueles limites da insensatez,
entrego-me ao amor... vou amar,
e depois prover de sonhos, o que ainda me resta.
De todas as nuances do caminho,
chega um momento...  que tenho que abrandar,
e por instantes... fugir da indelicadeza do dia,
da frieza dos homens, do vazio da multidão.
E assim... vejo-me frágil,
e sôfrego, deparo-me... efêmero,
preciso da minha placidez... preciso me encontrar,
careço de quietação.
Afigura-se... às vezes, que descuidei de mim,
mas... esses descansos ocasionais,
esse subterfugir da luta aflora o meu... melhor,
e imerso em mim mesmo... busco leveza,
sem medir... a temeridade do fim.
Afigura-se... que desisti,
mas, foi só uma pausa... para se recompor,
vou continuar destilando coragem para os reinícios,
- para onde for.

Ari mota