terça-feira, 1 de março de 2016

COISAS DO IMPOSSÍVEL

Já... vivi, várias vezes... eu sei,
ensaiei vários recomeços, não terminei outros fins,
me perdi... ao longo de outras vidas,
cometi loucuras, reparei erros,
senti toda a solidão do caminho,
fui intenso, já me encontrei... em desvalia,
enfrentei desafios... essas coisas do impossível,
me vi... ali, na imensidão do silêncio... sozinho,
escasseei-me diversas vezes... assomei-me em outras,
mas... fui a minha melhor companhia.
E hoje...
Quando me vejo no espelho... sei que aquele ali... sou eu,
tenho um formato corpóreo e um outro... espiritual,
vejo-me dançando com minha própria alma,
um desatino sem fim,
mas, sei que este é o meu melhor ensejo,
o melhor de mim.
O destino me deixou mais compassivo,
amo com toda a enormidade... provoco-me... me, encanto,
reinicializo-me em todos os alvoreceres,
senão esqueço-me... em qualquer canto.
Já... vivi, várias vezes... eu sei,
e neste instante, e nesta existência,
estou no ápice de mim mesmo,
ando mais lúcido diante da minha pequeneza,
sei que ainda posso... evoluir mais um tanto,
e, ainda devo insistir com os meus delírios... com urgência.
E nesta busca... blindei a minha alma dos instintos reles,
das reflexões pequenas,
e em desassombro...  não permito redestinar os meus sonhos,
nem absorver a minha natureza,
dentro de mim... não há confinamento,
todos os meus amores são livres, todos os abraços são soltos,
não coleciono coisas... só sentimento.
Já... vivi, várias vezes... eu sei,
mas... somente agora consegui rasgar a alma... de amor,
e transcender-se de toda a emoção,
e em demasia... sentir o calor da vida,
serenar... escapar da inquietação.
E na descoberta... ver que se um dia... tiver que partir,
reaparecer em outra vida,
a distância física que vai me separar dos meus amores,
será mera ilusão,
ficamos tatuados um no outro, de forma visceral,
haverá apenas um intervalo,
um curto período de tempo que medeia a minha ausência,
nunca... um final.

Ari Mota