domingo, 8 de novembro de 2015

TEMPO DE QUIETAR

Minha alma às vezes tenta sair de mim,
travamos às vezes discussões silenciosas,
ela grita comigo, sem sequer... soltar uma voz,
esmurra-me... sem me ferir, querendo ir à frente,
e... eu a arrasto para dentro... sem tocá-la,
a olho... com olhos de amor,
e depois, sentamos à beira dos nossos abismos,
das nossas loucuras e lucidez,
ela me abraça delicadamente,
e eu a confidencio, que a amo... demasiadamente,
e peço-lhe... aquieta-te menina... fica aqui... até o fim.
E assim ando vivendo... um deleite de acasos,
resiliência desmedida,
estreiteza que me engrandece,
angústia que não me... alcança,
inquietação que me... equilibra,
aflição que me... fortalece.
Minha alma às vezes tenta sair de mim,
eu imploro que fique... estou no meu melhor instante,
este é o meu tempo de quietar,
e preciso de companhia.
Errei... muito pouco... é hora de repousar com as escolhas,
abrandar os passos, nos novos caminhos,
colocar sossego no desespero,
sentir... mais que falar,
olhar... mais que julgar,
achar-me... mais que me perder,
revirar-me pelo avesso... desvendar quem eu sou.
Amo... mais o intangível, essas coisas inexplicáveis,
amo... poesia, estrelas, borboletas em festa,
amo... uma louca bailarina que baila comigo,
em noites de solidão,
o colibri que me visita todos os dias,
a singeleza... do olhar,
a candura das... reticências
a verdade nos... pontos finais,
e as incertezas para aonde... vou.
Minha alma às vezes tenta sair de mim,
e levar os sonhos que tive, e os que... ainda terei,
tomo-lhe as mãos... saio a passear aqui por dentro.
E olhando para trás...  
faço ver... que fizemos tudo do nosso jeito,
fomos por diversas vezes ao chão,
e em vôo rasante... levantamos outras tantas,
e assim... edificamos o que tenho de interior.
E depois, houve uma pausa... um vazio... um nada talvez,
e assim... serenamos nossas tempestades,
pactuamos que...  é tempo de quietar,
de ter mansidão...
silenciar.
A não ser o... amor.

Ari mota