sábado, 27 de setembro de 2014

AMAR É TRANSCENDER A SI MESMO

Perdi... o que de selvagem eu tinha,
quando te encontrei.
Você me socorreu sem saber... daquele temporal.
Estendeu-me... a alma,
quando meus pés brincavam a beira do abismo.
Você me acolheu com o olhar,
quando... quase fui acometido por uma desordem neural.
Você dançou em meus braços em noites de solidão,
e nunca me deixou sozinho.
Sua luz... grudou no meu corpo,
sua pele aderiu à minha:
Não sei... se, sou um pouco... você,
ou você, um pouco... eu.
De todas as dúvidas que tive,
e em todos os descaminhos que me... perdi,
você silenciosamente me abraçava... sem duvidar.
Achei em ti o que procurava no vazio... de mim,
me... sacudiu, me virou do avesso, fez-me... até poeta,
colocou certeza no meu talvez,
me fez perder a braveza... amansou esta alma inquieta.
Espalhou beleza onde... eu destilava rudeza,
levou-me... onde eu nunca consegui andar.
Passei a te achar em tudo... e sem ilusão,
na sutileza de um riso, nessas loucuras ocasionais,
nestes devaneios que não envelhecem,
nesta lucidez que me assusta,
- até na escuridão.
Você me fez amadurecer ao seu lado,
com todos os vendavais que tivemos,
quando achava que estávamos apequenando,
você me olhava ternamente:
na verdade... era uma imersão em nossos sonhos,
coragem de ser feliz... mesmo quando perdemos.
Você me fez rir... quando o soluço me espreitava,
e o choro... ameaçava romper de dentro.
Você me acolhia em madrugadas de temporal,
e como um anjo afável... me...amava.
Quando te encontrei... você me individualizou,
passei a entender que amar é transcender a si mesmo,
e aí... passei de mim,
passei do que sou,
passei a não acreditar no fim do amor,
talvez, uns... ainda... o ignoram,
outros... nem ainda o reconhecem,
talvez para muitos... ele só...
- não começou.

Ari Mota

terça-feira, 16 de setembro de 2014

UMA EFÊMERA EMOÇÃO

Tudo passa...
Tudo vem e vai embora,
e nada é desmedido... que não possa suportar.
Existir... não passa de um vôo contumaz,
de um salto no abismo de si mesmo,
de uma imersão na teimosia de sempre tentar,
na ousadia de chegar aos limites, e do que se é capaz.
Como tudo passa... tente outra vez... sem temer,
procure ser feliz...  isso pode ser apenas um ensejo,
um desejo,
uma efêmera emoção,
mas... com o passar do tempo, verás que é um dever,
não sucumbir à solidão.
Como tudo passa... faça do seu jeito,
não espere ninguém iluminar a sua estrada,
nem vislumbre coragem de quem sempre se apequena,
acovarda-se na entrega... e só... encena,
e não consegue amar.
Como tudo passa... prudente é...
sempre recalcular a rota,
somos assim, se não avivar-se... desbota,
se não decrescer... não tem como agigantar-se,
se não encher... esgota,
temos que contemplar a rosa e reconhecer o espinho,
seguir... mas, dimensionar a lonjura do caminho.
E sem temor navegar para dentro... na vastidão da alma,
para se encontrar,
pode ir sem destino, sem rumo,
pode até se perder... só não pode naufragar.
Tudo passa... e nem tudo fica,
só o que escolher,
não busque nada além, nem depois das estrelas,
não há respostas distantes,
nem perguntas tão perto... para fazer.
-há apenas descobertas e nenhuma certeza,
e que, em vez de um esboço... tenha um projeto interior,
que armazene na alma... leveza.
Como tudo passa... não deixe a emoção acabar,
viver é um desassombro,
só os que não temem... reinícios... temporais,
só os que não priorizam as coisas,
conseguem crescer por dentro,
descortinam a sutileza do amor,
amam melhor, e em demasia...
ficam maravilhosamente... descomunais.

ari mota